A trilha foi feita no sábado. Sobre ela, falo a seguir. No domingo, no final da manhã iniciamos a viagem de retorno, chegando em Porto Alegre em torno das 22h. Muitos diriam que foi a legítima indiada... Viajar 1400Km para caminhar 20km? Bom, eu diria que ainda houve um agravante. Na viagem de volta, algumas pessoas tiveram um probleminha intestinal, provavelmente devido a algo que comemos na noite anterior. Foi um retorno tragicômico. Mas estávamos entre amigos e ainda acredito que tudo foi diversão. Hoje quando o grupo se reencontra, lembramos e rimos muito desse momento.
Mas vamos ao que interessa, a trilha!
1) O que é o Caminho de Itupava?
O Caminho do Itupava é uma trilha histórica que ligava Curitiba a Morretes. Durante mais de três séculos foi a principal (senão a única) ligação entre o litoral e o planalto paranaense. Acredita-se que a trilha tenha sido aberta por índios e mineradores e calçada com pedras por escravos. Antes de existir a ferrovia a trilha era um meio de desenvolvimento econômico, inclusive, por ela trafegava a produção de uma região para a outra.
O interessante (e é por isso que a chamei de Caminho Inca Paranaense) é que trilha ainda conserva intacto parte do calçamento original. Ali você vai encontrar parte da natureza da Serra do Mar, riachos, pequenas quedas d'água, bromélias, pássaros e ainda terá uma aula da história paranaense, conhecendo a ferrovia e as ruínas da antiga Casa do Ipiranga.
2) Como chegar?
O ponto de partida é a cidade de Curitiba. Se está de carro ou em um micro-ônibus como nós, você deve seguir até Quatro Barras (cidade da Região Metropolitana de Curitiba). É uma cidade pequena, dificilmente você se perderá. Siga pela rua principal, e mais para frente, siga as placas indicativas de Borda do Campo, um bairro desta cidade. Siga pela avenida principal do Bairro, até o final. A trilha começa um pouco adiante do ponto final da linha de ônibus Borda do Campo (caso tenha que perguntar esse é um bom ponto de referência).
Você pode optar por fazer a trilha partindo de Porto de Cima (que é a chegada para quem parte em Quatro Barras), mas não nos recomendaram fazer isso, pois nesse caso subiríamos ao invés de descer, o que seria muito mais desgastante.
3) Qual a distância, duração e o grau de dificuldade da trilha?
A trilha tem aproximadamente 20 Km. Nós não estávamos com muita pressa (a não ser no finalzinho, quando começou a chover). Então partimos em torno das 9h da manhã e terminamos em torno das 17h, parando para piquenique. Quanto ao grau de dificuldade, eu diria que é médio. A trilha é praticamente toda calçada, porém, as pedras são bastante lisas e irregulares, então é muito fácil escorregar. Praticamente todas as pessoas do nosso grupo levaram ao menos um tombo, mas sem grandes arranhões. Existem alguns pontos, na segunda metade, próximo à Estação do Cadeado com descidas e degraus que exigem um pouco mais de atenção.
4) Pode acampar na trilha?
Em teoria não é permitido acampar na trilha. É o que nos disseram na entrada e também o que se lê nos sites de referência. Nós não acampamos. Mas vimos pessoas acampadas durante nossa passagem. Eu não arriscaria.
5) Existe infra-estrutura de apoio?
Não muita. É muito difícil você se perder na trilha, ela é quase totalmente calçada e bem marcada. Obviamente não há banheiros. Porém, são 20Km e se você se machuca lá pelo Km 10, não tem jeito, tem que caminhar. Para emergências, é possível resgate através da estrada de ferro que passa em pelo menos dois pontos da trilha. No final da trilha, há um centro de visitantes onde é você obtém informações para retornar, banheiro e eventual auxílio.
6) E pra quem vem de longe, onde ficar?
Nós viemos de Porto Alegre e passamos a primeira noite em Curitiba. Assim, como Porto Alegre, Curitiba esvazia nos feriados prolongados, então, é possível conseguir hotéis por bons preços (creio que até por R$ 90 o casal). Na segunda noite, dormimos em uma pousada em Morretes. Recomendo visitar a bela cidadezinha e comer o tradiconal Barreado (prato típico da região, (é uma carne cozida em panela de barro por cerca de vinte horas, o que acaba por desfiá-la, servida com arroz e farinha de mandioca).
7) Quais as principais atrações no caminho?
Existe um roteiro recomendado que pode ser utilizado como guia. Porém, falo brevemente dos pontos que mais me impressionaram, ilustrados pelas fotos a seguir.
- O caminho em si, com seu calçamento antigo e irregular. Realmente é uma trilha, você não vai ter nenhuma dúvida disso.
- As bromélias, com seu colorido avermelhado em contraste com o verde da vegetação.
- As pontes, riachos e quedas d' água.
- As ruínas da Casa do Ipiranga - construída para ser a residência do engenheiro chefe da linha de trem.
- As ruínas da antiga hidrelétrica da qual se vê duas cachoeiras que formam uma grande piscina natural, usada para banho por visitantes.
- Caminhar pela linha férrea ainda em atividade e vislumbrar um trem de carga passando com muitos, mas muitos vagões (não contamos, mas acho que eram uns 40).
- Chegar à Estação do Cadeado, depois de uma descida não muito fácil e descansar no local (ou aproveitar para caminhar mais um pouco pela linha férrea).
- Passar pelas pontes suspensas.
- Se for verão tomar um banho nas cachoeiras ou nas prainhas.
- Terminar a trilha, depois de muito caminhar e sentir dor nas pernas, mas também aquela sensação de bem estar por ter conseguido.
O melhor site de referência para o Caminho de Itupava é o altamontanha.com. Tem informações bem mais completas que esse humilde blog.