segunda-feira, 30 de agosto de 2010

As Cataratas do Iguaçu - lado brasileiro

Questão polêmica é qual o lado das cataratas deve ser visitado: o brasileiro ou o argentino? Sabe-se que a maior quantidade de saltos pertence a Argentina, mas o Brasil gaba-se de oferecer a melhor visão. Discordo em parte dessa visão. Realmente, para fotos panorâmicas, o lado brasileiro é melhor. Mas o lado argentino é belíssimo também e oferece as melhores trilhas. Então, se tiver a oportunidade, visite os dois lados.

Para chegar ao Parque Nacional das Cataratas de ônibus, você deve tomar a linha "Parque Nacional/Aeroporto". O parque é o ponto final da linha de ônibus. Se você optar por ir de carro, terá que deixá-lo no estacionamento da entrada do parque e ainda pagar um adicional ao preço do ingresso pelo estacionamento. O valor do ingresso em agosto de 2010 é de R$ 22 para brasileiros.

O meio de transporte utilizado no parque é um ônibus de dois andares. Ele aparece de 15 em 15 minutos ou até menos, basta ele estar lotado ou quase lotado. Para fazer a trilha das cataratas você deve descer na terceira parada. Quem não quiser caminhar e preferir diretamente a visão da Garganta do Diabo deve descer na quarta parada. A grande maioria das pessoas desce na terceira parada, percorre a trilha e pega o ônibus na quarta para voltar, não retornando pela trilha. Como gostamos de caminhar, preferimos ir e voltar. Não é uma caminhada longa, mas há uma placa avisando logo na entrada que são 504 degraus. Não contei, mas achei a estimativa um pouco exagerada. Se são mesmo 504, não senti, pois na maioria das vezes, os degraus são espaçados.

A trilha das cataratas brasileiras é bem fácil de ser percorrida. O caminho todo é semelhante a foto ao lado. A maior dificuldade para algumas pessoas são os degraus mesmo. Mas vi gente de bengala e, inclusive, uma mulher com um bebê de colo que não deveria ter mais de dois meses.

O ponto alto é perto do final da trilha, quando você passa por uma passarela e chega pertinho das quedas (foto ao lado). Você vai precisar de capa de chuva, pois respinga bastante água e ela é bem gelada. Quem for no verão, talvez dispense a capa para se refrescar.

Depois desse ponto em que se chega pertinho das quedas, continuando pela trilha, você chegará perto de um elevador panorâmico. Nesse ponto, você fica tão pertinho da queda que é possível tocá-la, se esticar o braço. O elevador é bacana também, mas se a fila estiver muito grande você não vai perder muito se dispensá-lo. A vantagem é que saindo do elevador você também está no final da trilha, o que, para quem estiver cansado de caminhar pode ser uma boa pedida.

No final da trilha, há banheiros e uma praça de alimentação, com lanchonete e restaurante. Os preços não são exatamente baratos, mas também não são absurdos. Você pode preferir levar o seu lanche e fazer um piquenique, mas terá que cuidar os quatis. Eles realmente pulam no seu colo e roubam a comida. No dia em que fomos no parque brasileiro, eles se esconderam de nós, mas no lado argentino vimos muitos.

Caminhando na volta, fomos brindados com o animalzinho da foto ao lado. Não sabemos ao certo se é um esquilo, pois foi o único similar que vimos por lá, mas parece ser.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Foz do Iguaçu

Fizemos uma viagem de seis dias por Foz do Iguaçu. Voltamos com várias dicas que pretendo compartilhar nos próximos posts. Espero que sejam úteis e que ajudem outras pessoas a não passarem por alguns dos nossos percalços.

Como chegar:
Existem basicamente duas opções: avião ou ônibus. TAM e Gol oferecem vários voos, quase todos com conexão em Curitiba ou São Paulo. A Trip tem dois voos diários e diretos Porto Alegre-Foz do Iguaçu. Conseguimos passagens promocionais na TAM, com conexão em Curitiba. Perderam a nossa bagagem, que foi encontrada no dia seguinte. A melhor parte foi a piada da moça que aceitou nosso formulário de reclamação. Caso não encontrassem a bagagem depois de 24 horas, receberíamos uma ajuda emergencial de R$ 50 para comprar roupas para duas pessoas para passar uma semana em Foz. Achei melhor acreditar que era piada para não estragar a viagem.

Na outra vez fui de ônibus de linha. A Unesul opera o trajeto Porto Alegre-Foz e tem um horário que possui ônibus leito (se for sexta-feira ou véspera de feriado). A viagem dura umas 14 horas.


Onde ficar:
Os melhores hotéis ficam na Av. das Cataratas, entre o aeroporto e o centro de Foz. Existe também um albergue que fica em uma rua perpendicular a Av. das Cataratas. Ficamos no Viale, localizado a 8 km do aeroporto e a uns 3,5km do centro. E ele é um dos mais próximos do centro. Existem outros: Carimã, Bourbon, Panorama, San Juan, só para citar alguns. O hotel era muito bom, mas como na maioria dos hotéis lá, você encontrará algumas dificuldades. Por exemplo, para ir jantar no centro, terá que tomar um táxi ou o ônibus. Os taxistas cobram em torno de R$ 10 para percorrer os 3Km até o centro. A outra opção é tomar um chá de banco esperando o ônibus. Existe a opção de jantar no hotel, mas os preços são bem salgados.

No centro, existe o Continental Inn, que é bem próximo da avenida principal, o Rafain e o Bella Italia.

Transporte em Foz do Iguaçu:
Todos os atrativos ficam distantes uns dos outros, então você vai precisar de transporte, seja ele público ou não. Se optar por táxi, saiba que os taxistas em Foz não sabem o que é taxímetro. Eles combinam com você o preço antes da corrida. Comparados com os preços de táxi em Porto Alegre são bastante caros. Na chegada, nos cobraram R$ 30 para percorrer cerca de 8Km entre o aeroporto e o nosso hotel, em período de bandeira 1.

O transporte público também não é dos melhores. A maioria dos ônibus tem apenas bancos de um lugar ao invés dos de dois lugares que estamos acostumados. Imagino que seja para que caibam mais pessoas em pé. Durante o dia, o tempo médio de espera é de 20 minutos, mas a partir das 7 da noite é terrível. Você pode esperar até uns 45 minutos na parada/ponto de ônibus. O valor da passagem é baixo (R$ 2,20 em agosto/2010). A boa notícia é que é possível fazer todos os passeios de ônibus.

Para ir ao Paraguai e ao lado argentino das cataratas também existem ônibus, estes com horários bem mais previsíveis do que os de Foz. Os que vão para o Paraguai são bem frequentes. Sobre eles, falo quando mencionar os passeios.

Se você escolheu um hotel que fica na Av. das Cataratas e chegou através do aeroporto, é fácil chegar nele de ônibus, pasta pegar, no aeroporto, a linha Aeroporto/Parque Nacional no sentido "TTU-Centro" (isso fica escrito na frente). Diga o nome do hotel para o cobrador e peça para ele lhe avisar quando chegar.

Comer em Foz:
A comida é cara em comparação a Porto Alegre. Aliás, com exceção do transporte público, achei Foz uma cidade cara, até mesmo para tomar sorvete. Disseram-nos que, para jantar, os restaurantes de Porto Iguaçu (na Argentina) são melhores, mas não experimentamos. Realmente a aparência deles é melhor, mas não dá pra cruzar a fronteira só pra jantar. E por incrível que pareça o Burguer King de Cidade de Leste tinha o banheiro público mais limpo que encontrei por lá. Aliás, os preços do Burguer King do Paraguai são em média 30% mais baratos que os nossos.

Dicas para os passeios (os links serão completados nos próximos dias):
Compras no Paraguai
Cataratas do Iguaçu (lado brasileiro)
Trilha do Poço Preto
Cataratas do Iguaçu (lado argentino)
Passeios em Itaipu

Outros passeios

sábado, 14 de agosto de 2010

2 dias em Maceió

Normalmente é mais vantajoso viajar ao nordeste através de algum pacote turístico que, via de regra é de 7 dias. Só as passagens saem mais caras que esses pacotes se você quiser viajar por conta própria. Em algumas situações, no entanto, essas minhas dicas podem valer a pena. De repente você pode ir estar lá a trabalho ou por algum congresso da sua profissão e aproveitar o final de semana ou, como no meu caso, usufruir das milhas adquiridas anteriormente para viajar.

Sobre a cidade
Maceió é uma das capitais mais calmas do nordeste, um lugar onde ainda é possível desfrutar com tranquilidade das praias, mesmo as da própria cidade, que ainda não são poluídas e sem o perigo de ter que se preocupar com os batedores de carteira, como em outras capitais maiores do nordeste.

Onde ficar
Procure por um hotel na orla. As praias mais centrais são a Pajuçara, Ponta Verde e Jatiúca. Se conseguir um hotel ou pousada em uma delas você está bem localizado. Fiquei no Hotel Sete Coqueiros, na Pajuçara. Não era um hotel de luxo, mas era bem confortável, com quartos com ar condicionado, TV, frigobar. O hotel também tinha piscina e um agente de viagens de uma das operadoras de turismo para informações e agendamento de passeios.

O que fazer em 2 dias
1) Caminhar pela orla
Eu amo caminhar, então caminhava todos os dias de manhã da Pajuçara até a Jatiúca. Acho que dava uns 8Km de ida e volta. A vista das praias é linda e existe um calçadão bem conservado pela orla que facilita bastante a caminhada. Quem estiver com calor ainda pode parar em algum ponto e dar um mergulho de mar. Claro, se você é daqueles que gosta de ficar na praia mesmo, com guarda-sol, pertinho de um quiosque com todos os aperitivos possíveis, também vai encontrar seu lugar nessas praias.

2) City tour com Praia do Francês
Certamente alguma operadora de turismo vai lhe oferecer esse passeio que é, na minha opinião, obrigatório. A Praia do Francês fica a cerca de 20 Km do centro da cidade e é uma das praias mais movimentadas. A praia é bonita, o mar é convidativo e, se você fizer o passeio com alguma operadora, certamente eles vão parar próximos a algum restaurante que possui mesas com cadeiras e guarda-sol. A única coisa que realmente não gosto nessa questão de fazer o passeio com o ônibus de turismo é o fato de você ter que se adaptar aos horários deles. O sol do nordeste é bem forte pra quem vem do sul do país como nós e normalmente você permanece na praia mesmo ao meio-dia, o que pode lhe render belas queimaduras do sol.

No nosso caso, ficamos na Praia do Francês até umas 14h e depois fizemos o City Tour. Ele é bastante rápido, pois Maceió ainda é uma cidade relativamente pequena e o trânsito não pareceu ser caótico. Passa por alguns prédios históricos como a sede do governo, a assembleia legislativa, a catedral. Também paramos numa parte mais alta da cidadde, com mirante, onde pudemos ver parte da cidade e as praias (foto ao lado).

3) Andar de jangada e apreciar as piscinas naturais da Pajuçara
O passeio às piscinas de Pajuçara é feito através de jangadas, que levam dez minutos para atravessar 2Km entre a praia e os recifes. Na maré baixa, você conseguirá ver os chamados aquários naturais com seus peixinhos coloridos, sem necessidade de nenhum equipamento de mergulho. O detalhe é que você só conseguirá fazer o passeio em períodos de lua cheia ou crescente, quando a maré fica baixa durante o dia. Os pescadores tentam convencê-lo a fazer o passeio mesmo com maré mais alta, mas não é bom, não.

Se você tiver mais tempo, talvez prefira apreciar as piscinas naturais na praia da Paripueira. O passeio é feito em lanchas, dura cerca de duas horas e inclui snorkel. Mas provavelmente você vai precisar de mais de 2 dias na cidade para este passeio que leva também um dia inteiro.

4) Praia do Gunga
Foi a praia que mais gostei, tinha ares de ilha particular. Existem passeios por operadoras que levam ao Gunga, mas nesse caso, como eu não dispunha do dia inteiro, dividi um táxi com mais 3 turistas que também estavam hospedados no hotel. O taxista fez preço fechado e ficou lá conosco durante toda a manhã para nos levar embora no horário que desejássemos. O preço saiu bom, mas acho que se for apenas um casal sai caro. Para 4 pessoas é talvez quase empate com o preço do passeio de ônibus.

A praia do Gunga fica localizada 33Km ao sul de Maceió, na cidade de Barra de São Miguel. A praia fica dentro de uma fazenda de cocos particular e podendo ser acessada por uma estrada que corta a plantação, ou através de barco. Nosso taxista parecia ser conhecido do pessoal da fazenda e conseguimos passar de carro até a praia sem problemas. Não sei dizer se é assim pra todo mundo.

As águas são bem calminhas e, se vai no mirante, você só vai enxergar coqueiros e águas... parece mesmo uma grande praia deserta. Muito bonita.


5) Feira de artesanato da Pajuçara
Ficava bem em frente ao hotel em que me hospedei. Grande variedade de artesanato típico da região a bons preços. Um excelente programa para o início da noite, antes do jantar.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O pesadelo da gestão das pessoas

Se tem um assunto que evito abordar é trabalho. Tenho uma etiqueta pessoal que diz, que se já passo o dia inteiro em determinado lugar, ele não merece ocupar o meu tempo e o meu pensamento quando chego em casa. Escrever sempre foi uma espécie de terapia e falar de trabalho não faz parte dela.

Mas eis que meu amigo ForInti, cuja identidade manterei em segredo, tem um blog que fala sobre simplicidade em TI (Tecnologia da Informação). Num dia de muita inspiração, ele escreveu sobre IT Nightmares, texto que recomendo e que merece algumas reflexões.

Acredito e tenho fé que o grande problema das empresas é a falta de bons gestores de pessoas. Empresas subvalorizam o tema. E não estou falando só de empresas de tecnologia, que normalmente são formadas por dois sócios: um nerd sabe-tudo e um bom-papo que sabe vender. Estou falando de empresas em geral, sejam elas públicas ou privadas. As pessoas passam anos estudando técnicas de gestão de orçamento, de projetos, de motivação, mas não sabem como lidar com gente. Na prática, existem dois tipos de chefes: o frouxo amigão, que não tem controle de equipe e o durão que impõe medo. Engana-se quem pensa que o primeiro é amado e o segundo é odiado. Na prática os dois são odiados, porque nenhum dos dois sabe lidar com seus subordinados.

Pessoas são complexas e são diferentes. Algumas gostam de ser cobradas, gostam que o chefe veja o que elas estão fazendo, precisam disso pra produzir. Outras, são tão responsáveis que se um chefe agir desse modo, irá diminuir sua produtividade. Afinal, elas já passaram do jardim de infância e trabalham bem sozinhas. Há pessoas que gostam de contar seus problemas pessoais para o chefe e esperam que ele entenda. Há pessoas que detestam que ele saiba da sua vida particular e esperam que ele respeite. Mas talvez o maior erro seja tratar pessoas como "recursos". Pessoas não são microcomputadores ou impressoras que agem segundo instruções pré-definidas. Ok, talvez os indianos sejam. Mas não nós, latinos.

Já passei por inúmeros processos de implementação de técnicas de gestão e de qualidade nas empresas pelas quais trabalhei: ISO 9000, Reengenharia, CMM, PMI, COBIT, ITIL, só pra citar algumas. Muitas siglas. Todas esperam motivar os "recursos" através da implementação de padrões de documentação, de qualidade, de organização corportativa. Nenhuma enxerga a singularidade de cada membro desse time. Todas veem pessoas como recursos substituíveis. E elas pecam por isso. Ninguém gosta de saber que é substituível, mesmo o mais relapso dos funcionários. Os gestores precisam aprender a "perder tempo" ouvindo o que os seus subordinados tem a dizer e não simplesmente fazer aquela avaliação periódica de forma automática, suspirando e olhando no relógio. Aliás, a pior coisa pra um funcionário é perceber que está sendo cobaia de uma técnica de gestão motivacional.

Não, nenhum chefe é capaz de resolver todos os problemas. Provavelmente não conseguem resolver nem a metade. Mas todo mundo tem algo pra dizer. E como dificilmente as empresas vão encontrar um analista de fora pra relatar seus erros, a disponibilidade para ouvir é o primeiro passo para aprender a tratar as pessoas e aprender sobre os seus próprios erros. Sem técnicas. Só conversa.