domingo, 19 de agosto de 2012

1 ano e 5 meses

Impressionante como ao longo do último mês, meu filhote fez vários avanços silábicos. Claro, ele só fala aquilo que lhe interessa, mas é bonitinho de vê-lo se comunicando.

Aprendeu a dizer "esse" para o objeto que está escolhendo. Também diz "aqui" ou "ali" para mostrar onde está determinada coisa ou pessoa. Já fala direitinho "papai" e "mamãe". Também diz "mãe" e atira objetos no chão apenas para dizer "caiu".

Ele tem palavras (embora não corretas) para mostrar o que quer: "adi" significa "abre", "muma" significa "arruma", "ninina" é "menina" e "au" seguido de um abano é "tchau".

"Din don" é o balanço da pracinha. Ele ama ir pra pracinha. Pega a chave, corre pra porta e diz "din don". Não sei como ele aprendeu, mas sobe sozinho no escorregador. Quando chega lá em cima, senta direitinho. O único problema é escorregar propriamente. Ele ainda se desequilibra pra escorregar e a gente tem que ficar de olho.

Também aprendeu a dizer "cocô" quando enxerga sua fralda suja. Aliás, quando faz cocô, ele chega perto da gente e anuncia. O próximo passo é fazê-lo dizer isso antes de sujar a fralda.

Não sei se com todas as crianças é assim, mas o espertinho testa cada vez mais seus limites. Se antes ele parava quando a gente dizia "não", agora ele sabe que é "não", mas faz mesmo assim, encarando. Obviamente que ele aprendeu o significado da palavra castigo. Não tem sido muito eficiente deixá-lo sentado num cantinho, como as psicólogas orientam, já que ele é muito inquieto. Mas colocá-lo no quarto e fechar a porta por 1 minuto, tem ajudado bastante. Ele volta bem comportado.

Essa coisa do castigo, aliás, tem-me feito passar por situações embaraçosas na rua. Nós o ameaçávamos dizendo que se fazia algo errado era "pá". Pois agora, na rua ou no supermercado, quando eu olho bem séria, ele imita o "pá" batendo na perninha. As pessoas devem pensar que o coitado é espancado em casa.

Ele está naquela idade em que faz escândalos, esperneando quando contrariado. Hoje mesmo, na rua fez dessas. Quando faz isso, não cedo para ele ficar quieto. Eu o retiro do lugar onde está falando baixo, mas bem sério. Não sei se é o melhor remédio, mas sempre odiei criança birrenta e prefiro os olhares de reprovação do que filho mal-educado.

A questão toda é que o mau humor e sua birra são na maioria das vezes em casa. Na pracinha, ele brinca direitinho, não tira brinquedo das outras crianças, fica ao lado, esperando a sua vez. Sabe repartir os brinquedos. Quando quer brincar com algo, ele dá uma coisa sua em troca. O problema é que ele simplesmente não gosta de voltar pra casa, como se o lugar em que mora fosse o consultório do dentista.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Honrarias olímpicas

Seguindo o exemplo do post de 2008, fecho aqui o balanço de Londres com os vencedores nas categorias do blog:

Medalha "já não vi esse filme antes?": para seleção masculina de futebol - sem comentários adicionais.

Medalha "já não vi esse filme antes? - parte 2": para Fabiana Murer e o vento que não a deixou passar de 4,55m.

Medalha "eu continuo sendo o cara": para Usain Bolt que parece não ter percebido o tal vento e quebrou todos os recordes olímpicos  das provas em que participou.

Medalha "eu não sou mais o cara": para César Cielo que dominou a prova dos 50m da natação nos últimos quatro anos e deixou pra perder justo na olimpíada.

Medalha "a injustiçada da olimpíada": para a pobre esgrimista coreana Shin A. Lam que perdeu uma luta em que faltava um segundo para o fim (houve 3 reinícios, que levam mais do que 1s e o cronômetro permaneceu travado) e ficou sentada na pista por mais de 40 minutos, aos prantos.

Medalha "escolhendo adversário": para a seleção feminina da Noruega de handball que se fez de morta, classificando-se em 4o na chave e derrotou o Brasil, que tinha sido 1o nas quartas de final quando este chegou a estar a frente por diferença de 6 gols.

Medalha "a gente veio pra semifinal": pra delegação de natação brasileira que parou quase inteira nas semifinais.

Medalha "o chorão da olimpíada": para o dominicano Félix Sanchez, de 37 anos que ganhou os 400m com barreira e chorou desconsoladamente no pódio

Medalha "cena marcante": para a troca de número de identificação entre Kirani James e Oscar Pistorius (o atleta amputado, que corre com próteses) na semifinal dos 400m rasos. Nesse caso, o vencedor

Medalha "a persistência é a alma do negócio": Pra seleção de basquete da Lituânia (já falei deles aqui em 2008), a única seleção que conseguiu fazer alguma frente pro basquete dos EUA, por algum tempo.

Medalha "sem pudor": pra atleta tcheca flagrada tirando a calcinha em pleno estádio olímpico.

Medalha "se fazendo de morto", para os quartos colocados que saíram campeões ao final: feminino do Brasil no vôlei, handball feminino da Noruega, Arthur Zanetti (que tinha sido quarto na classificatória).

Medalha "batendo na trave" (alguns de novo): pros brasileiros Thiago Pereira, Bruno Fratus, Diogo Silva, Thiago Camilo, Maria Suelen e Marilson dos Santos. Todos ficaram em quarto ou quinto.

A frase mais cliché: "A ficha não caiu..." - dita por todos os brasileiros que ganharam uma medalha.

Segunda frase mais cliché: "Não sei o que aconteceu." - dita por quase todos os brasileiros que perderam.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Pitaco olímpico

Tenho bem mais interesse por esporte olímpico do que de futebol, então, apesar de não ser especialista, sinto-me habilitada para dar meus pitacos aqui de quatro em quatro anos.

Quem costuma acompanhar Olimpíada sabe que sempre se falou no baixo número de medalhas trazidas pelos atletas brasileiros relacionando tal fato à falta de investimento no esporte olímpico e à falta de infra-estrutura de treinamento.

Creio que esse mito foi definitivamente derrubado. Nunca se investiu tanto em esporte no país como no último ciclo olímpico, os sites de notícias não param de anunciar. O problema é que não basta só dinheiro. É necessário dinheiro bem empregado. Como somos campeões da modalidade de mau uso do dinheiro público, por que seria diferente no esporte? Nesse ano, foi montada uma superestrutura para os atletas em Londres. A pergunta é: de que adianta superestrutura dias antes dos jogos?

Iniciativas como bolsa-atleta são interessantes, mas o maior volume de dinheiro deveria ser investido mesmo em educação. E quando falo em educação, falo em escolas com infra-estrutura decente e não onde faltam até mesmo vidros e portas. Escolas que tenham computadores, mas também tenham quadras esportivas e ofereçam esportes como atividades extraclasse aos alunos. Aliás, que ofereçam outras atividades pra quem também não gosta de esporte, como música. Isso sim, traria a transformação social que se almeja, porque colocaria foco na cabeça de crianças e adolescentes que hoje estudam em um turno e no outro ficam por aí. E desse volume de gente é que uns poucos se sobressairiam e aí, sim, teriam apoio pra fazer disso uma profissão.

Mas isso é sonho.

A realidade é que tivemos bons e maus exemplos nesses últimos jogos. Não vou falar aqui de atleta que amarela, porque em toda seleção há atletas que falham. O nosso problema é ter poucos atletas bons o bastante pra ganhar medalha. Se o volume fosse maior, a falha de um ou de um time, não teria tanto peso.

Talvez seja cedo para dizer, mas me parece que o boxe está fazendo bom uso do investimento. Saltamos de nenhuma representatividade para 2 medalhas e outras tantas quartas de final. O judô parece ter feito uma preparação adequada e também teve resultados bem mais significativos, principalmente no feminino, do que em outros jogos.

Já não se pode dizer o mesmo da natação. Creio que o único nome novo com representatividade surgido nos últimos quatro anos (apesar de não ganhar medalha) foi Bruno Fratus. Quase a totalidade da delegação piorou seus tempos pessoais nessa olimpíada. Isso só pode significar uma coisa: preparação mal feita, afinal a maioria dos atletas costumam melhorar marcas pessoais nos jogos. Se quase uma delegação inteira piorou é porque algo está errado.

Ginástica é um caso a parte. Existe uma richa na confederação da categoria formada pelos atuais dirigentes, que defendem que o monopólio do esporte permaneça com determinados clubes (como o flamengo) e os antigos, que defendiam a manutenção de uma seleção permanente. Quando houve a mudança de dirigentes, os técnicos estrangeiros foram embora, o que pode explicar a questão da ausência de renovação na seleção feminina. Aliás, achei muito legal a medalha de ouro não ter saído de um desses clubes de peso (lembrem-se que os irmãos Hypólito e Jade Barbosa são atletas do flamengo) e sim de um atleta que há bem pouco tempo só recebia apoio da prefeitura de sua cidade. Mostrou que o atleta pode ser vencedor, apesar da sua confederação. Antes da competição iniciar quem entende de esporte sabia que se alguém tinha alguma chance na ginástica era o Zanetti e não o Hypólito.

Lembro que uma vez Oleg, o ucraniano que treinava a seleção feminina de ginástica, ter dito que não se fazia uma seleção de ginástica com 5 meninas boas, já que as lesões no esporte são muito comuns. Países como a China tinham 100 em condições, de modo que uma ginasta poderia ser substituída às vésperas da competição sem grande prejuízo. Talvez seja uma lição que a gente tenha que aprender em vários esportes.