domingo, 30 de março de 2008

Colônia do Sacramento, o Centro Histórico

Caso alguém decida ir até Colônia (eu particularmente acho que vale a pena dar uma esticadinha até lá se você for até Montevidéo) seguem os principais prédios históricos a serem visitados.

Basílica do Santíssimo Sacramento
É a principal igreja da cidade que conserva a arquitetura portuguesa original do século XIX. Foi recuperada em 1957, portanto, a arquitetura e as paredes de pedra são originais, o restante é recuperado.

Portón de Campo (ou a porta de entrada da cidade)
Era a porta de entrada da cidade, na época que era uma fortificação. Ali, também há o que restou da antiga muralha que protegia a antiga Colônia do Sacramento

Ruínas do Convento de São Francisco e Farol
O convento foi construído em 1694 e destruído por um incêndio em 1704. O que restou aparece na foto. Já o farol foi construído entre 1845-1857. É permitida a entrada, porém, as escadas para ascender são estreitíssimas e cabem no máximo umas 10 pessoas lá em cima, de modo que é preciso ter paciência e esperar a sua vez de subir. A vista recompensa, é possível avistar Buenos Aires lá de cima em um dia ensolarado.

Resgate Arqueológico da Casa do Governador
É preciso usar a criatividade para imaginar como seria nos tempos antigos. O que aparece ali no chão são as estruturas da antiga residência que foi destruída em 1777. Placas explicativas tentam guiar a visita pelo que restou dos "cômodos".

Casa de Nacarello, Casa do Almirante Brown e Casa do Vice-Rei
Duas dessas casas hoje são museus. A Casa do Vice-Rei nada mais é hoje do que as antigas ruínas do que parece ter sido uma casa portuguesa relativamente suntuosa no passado. A Casa de Nacarello é uma construção portuguesa do século XVIII, que procura demonstrar como viviam os antigos moradores da cidade e a Casa do Almirante Brown abriga o Museu Municipal. A construção original é de 1795.

Não aparecem nas fotos, mas devem ser visitados:

Museu do Azulejo
Casa contruída pelos portugueses entre 1740-1760. Expõe uma coleção de antigos azulejos portugueses, franceses, catalãos e os primeiros confeccionados no Uruguai.

Museu Português
Não consegui visitá-lo, pois a cada dia da semana determinados museus não abrem e no dia em que estivemos em Colônia este museu não abriu. O prédio é uma construção portuguesa do século XVIII, com espessos muros de pedra de até 90 cm de espessura.

Existem ainda os museus espanhol e indígena. Para visitar os museus, adquire-se um ingresso apenas que dá direito a visitar todos eles. O preço é simbólico, não chega a 3 reais.

As fotos dos lugares que coloquei aqui podem ser vistas no álbum.

sábado, 22 de março de 2008

Colônia do Sacramento

Pra finalizar as dicas sobre o Uruguai, vou falar de Colônia do Sacramento, nossa última parada turística nessa viagem de início de ano.

Como quase todo mundo, ouvi falar de Colônia pela primeira vez lá pela 4a série, quando começamos a estudar a história do Rio Grande do Sul. Então pra relembrar: Colônia do Sacramento era um ponto estratégico para os portugueses porque ficava situado às margens do Rio da Prata. Como eles tinham interesse que suas colônias se estendessem até ali, fundaram uma fortificação. Lembrem que Colônia do Sacramento é um ponto bastante próximo de Buenos Aires, tanto que é possível vislumbrar do outro lado do rio a grande cidade.

Os espanhóis não gostaram muito dessa história e acabaram tomando a fortificação. Mais tarde, na época de Dom João VI, o Uruguai pertencia ao Brasil, de modo que Colônia voltou pras mãos portuguesas pra finalmente sair delas com a independência uruguaia.

O resultado desse "toma lá, dá cá" foi uma cidade histórica com arquitetura parte espanhola, parte portuguesa. Existe uma rua, "A Calle de Los Suspiros" (nenhuma alusão a de Veneza) que foi conservada historicamente como nos idos do século XVII justamente pra mostrar as duas arquiteturas convivendo de forma harmoniosa. A foto deste post é dessa rua.

A parte histórica de Colônia não é grande. Pra quem gosta de caminhar pode ser percorrida tranquilamente à pé em um dia. Pra quem não gosta de caminhar, existe uma casa que aluga
bicicletas, triciclos motorizados e umas motinhas que mais lembram as mobiletes do passado. Aliás, essas motinhas são o meio de transporte preferido dos habitantes da cidade: em determinadas ruas você vê todas elas estacionadas alinhadas. E sem cadeado.

Dicas pra quem quer ir:

- Colônia dispõe de boa rede hoteleira e pousadas. Nós ficamos no Hotel de la Ciudad, localizado próximo ao centro histórico, na Av 18 de Julio e pagamos 45 dólares a diária, com café da manhã. Se você dispensar o café eles fazem por menos. Não é preciso fazer reserva, encontramos hotel bem fácil.
- Como a cidade parece viver do turismo, também existem muitos restaurantes. Os que ficam no centro histórico são super bonitinhos, mas também mais caros. Aí vale a sua opção: quem quer pagar menos, basta procurar fora do centro histórico. Agora, quem quer sentir o clima do lugar, vale a pena jantar ao menos uma vez no centro histórico.
- Existe uma feira de artesanato com boas opções de souvenirs, principalmente azulejos e cerâmicas pintados à mão.
- Colônia possui um centro de informações turísticas localizado na Gral. Flores que é a avenida principal do centro. Ali se pode conseguir um mapa do centro histórico, o que facilita bastante uma visita "auto-guiada".
- Colônia também têm "praias de rio". Não são lindas, mas possuem águas rasas e calmas. Praticamente uma piscina infantil. Vale uma visita.

Sobre o centro histórico, aguarde o próximo post.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Vitória

Depois de ouvir aproximadamente vinte gravações, aguardar na espera por mais ou menos 1 hora e meia, depois de seis telefonemas frustrados, uma discussão acirrada ouvida por todo o 5o andar do edifício onde trabalho (em que a atendente se recusava a aceitar o fato de que a única palavra que eu dizia pra ela era NÃO), uma ligação que se perdeu, duas ligações em que a atendente não me ouvia, uma tentativa do Juliano não válida, uma tentativa da minha mãe que quase deu certo, mas caiu na última hora, finalmente... CONSEGUI CANCELAR A MINHA LINHA DE TELEFONE FIXO DA BRASIL TELECOM.

Isso merecia um post.

sábado, 15 de março de 2008

The Bucket List

"The Bucket List" é o título em inglês do filme "Antes de Partir" com Jack Nicholson e Morgan Freeman e numa tradução muito mal feita significa a lista de coisas que você gostaria de fazer antes dar com as botas. Fui assistir ao filme muito mais pelos atores que o protagonizam do que pelo filme, já que pelo trailler se podia ver que ele seria previsível. Morgan Freeman é um dos meus atores preferidos, um cara que definitivamente sabe escolher os papéis e está em dois dos meus filmes favoritos "Um Sonho de Liberdade" (definitivamente o melhor de todos os tempos na minha opinião) e "Menina de Ouro".

Resumindo superficialmente, o filme narra as aventuras de dois caras que estão morrendo de câncer e fazem uma lista das coisas que gostariam de fazer antes de partir. Um deles é milionário, o outro um mecânico. O filme seria interessante se não partisse do seguinte pressuposto americano: pra você fazer todas as coisas que gostaria precisa de dinheiro, afinal os caras pulam de pára-quedas, tentam escalar o Everest, viajam pelo mundo inteiro... quer dizer não é qualquer moribundo que poderia se dar ao luxo.

O filme, ao lado desse post da Fernanda Souza que li na última sexta-feira e a proximidade dos 34 anos me fizeram pensar no tempo desperdiçado e em algumas coisas que eu gostaria de viver nessa vida que espero, ainda seja longa.

Filhos, por exemplo. Eu venho sofrendo uma pressão tremenda pra tê-los. Mas ao contrário de muitas mulheres eu não tenho a menor vontade de engravidar. Tenho vontade de ter filhos, mas não tenho nenhuma vontade de me ver com um enorme barrigão. E as vezes chego a questionar se eu teria vocação pra ser mãe, apesar de achar os bebês lindos. O problema é que em 12 anos bebês lindos se transformam em adolescentes chatos e eu não tenho nenhuma paciência com "aborrescentes", talvez porque não tenha passado por esta fase como a minha própria mãe garante.

O fato é que eu quero ser mãe. Mas queria ter a opção de sê-lo aos 50 anos, quando provavelmente já tivesse passado por grande parte da minha bucket list abaixo.

... eu ainda gostaria de escalar ao menos o Aconcagua...
... chegar ao pólo sul e ao Alaska...
... envelhecer numa casa que não precisa ser grande, mas que tenha um jardim com pomar e bergamoteiras pra lagartear ao sol de inverno...
... não ficar deprimida nos domingos à noite, pensando que segunda é dia de trabalhar...
... aprender a tocar teclado...
... correr uma maratona...
... fazer um doutorado...
... parar dois anos de trabalhar para viajar ao redor do mundo...
... escrever um livro...
... aprender a cuidar de pelo menos um ser vivo qualquer...
... aprender a dançar flamenco e dança do ventre...
... aprender a esquiar
... ver um vulcão...
... ajudar alguém a vencer na vida...
... ter um sítio onde eu possa criar vários animais de estimação, com espaço pra que eles sejam livres...
... deixar algum legado pra sociedade, algo que me faça sentir que não desperdicei a minha existência...
... assistir a nova passagem do cometa Halley...
... ficar velhinha, velhinha e passear de mãos dadas na rua com o homem da minha vida, olhando pra ele com os mesmos olhos que eu olho hoje...

segunda-feira, 10 de março de 2008

Montevideo

Antes de viajar pro Uruguai, em dezembro, procurei na Internet por vários sites sobre o país e seus pontos turísticos.

Sobre Montevideo, o que encontrei foi muita informação sobre prédios históricos e edifícios históricos. Diga-se de passagem que o Uruguai é um país com 3 milhões de habitantes sendo que mais da metade deles vive em Montevideo. Quando chegamos lá, no entanto, não foram os prédios e edifícios históricos que mais nos chamaram a atenção, mas sim a imensa avenida de 19 Km que vai desde a entrada da cidade (se você vem pela Ruta 9 ou 10) até o porto.

Dica básica número 1 pra quem vai: se decidir passar a virada do ano em Montevidéo, esqueça o centro da cidade no dia 31/12. Parece que é tradição por lá os jovens irem pro centro beber, dançar e atirar água em quem passa. Tivemos que desviar determinadas ruas por conta disso.

Esqueça também qualquer super festa de reveillon na praia. Montevideo é como Porto Alegre na virada do ano: você terá dificuldades pra encontrar um lugar aberto pra jantar. Encontramos um único, na Av. 18 de Julio, que parece se orgulhar de não fechar nunca suas portas, em nenhum horário do dia, seja ele santo ou não.

Não é que não existam festas. Elas existem. Porém, os nativos nos contaram que são super fechadas, em clubes, apenas para os mais abastados. No passado, cada bairro fazia a sua festa, com fogos. Porém, há alguns anos a coisa ficou meio violenta e decidiram suspender tudo. Nos juraram de pés juntos que não haveria fogos de artifício.

O centro na virada do ano também não é uma boa opção: lá pelas tantas as pessoas mal-encaradas começam a atirar bombinhas nos seus pés. Diante desse quadro, optamos por passar a virada no terraço do Hotel Embajador, um quatro estrelas em uma rua próxima do centro. Decidimos que na virada do ano e diante do calor de quase 40 graus, nós podíamos nos dar ao luxo de ficarmos hospedados num lugar melhorzinho).

O hotel tem cerca de 12 andares, então o terraço está entre os prédios mais altos por ali. Ficamos um tempo conversando com uma família de Tocantins que tinha vindo de lá de carro e iria até Buenos Aires. Até a meia-noite realmente não parecia que haveria qualquer sinal de festa, mas exatamente a meia-noite os fogos começaram. Não barulhentos como os nossos, e nem perto do que imagino que seja um espetáculo numa grande cidade, mas eram vários sinalizadores coloridos em vários pontos da cidade (tínhamos uma visão 360 lá). Então foi interessante, sim. Melhor do que eu esperava.

Se você tiver 24 horas em Montevideo, não deixe de fazer isso:
- passear pela "rambla" à pé, especialmente em Pocitos, Punta Carretas ou Playa Ramirez;
- assistir a um pôr-do-sol no Rio de La Plata
- visitar a catedral
- passear pela 18 de Julio e ver os prédios históricos
- ir ao Mercado del Puerto e almoçar por lá, pois há ótimos restaurantes

Mais dicas sobre Montevideo encontrei por acaso no blog Idas e Vindas.

terça-feira, 4 de março de 2008

7 Percepções sobre São Paulo

Fazendo uma breve pausa nos meus posts sobre o Uruguai, estive em São Paulo à trabalho semana passada e decidi tecer breves comentários sobre a viagem. Explico: há alguns anos eu costumava ir bastante à trabalho pra lá, mas fazia algum tempo que eu não ia e "dormia" na cidade, então não tinha algumas percepções que eu tive dessa vez.

1) São Paulo tem engarrafamento pra tudo, não é só pra automóveis. Eu ia no Ibirapuera correr de manhã e tinha engarrafamento pra correr. Eu tinha que me cuidar pra não tropeçar em alguém, juro.

2) Todas as dimensões de Porto Alegre parecem muito pequenas se comparadas à São Paulo. A Av. Oswaldo Aranha, por exemplo. Em São Paulo, ela seria via secundária, porque nenhuma via que se preze tem menos de quatro faixas. Shopping, então nem se fala. O Eldorado tem duas praças de alimentação. E caberia umas 6 redenções no Parque do Ibirapuera.

3) Tudo é profissional em São Paulo. Dá pra acreditar que às 6h30 da manhã havia vendedores de Gatorade no Ibirapuera ? E personal trainers com barraquinhas pra você se inscrever em programas de recondicionamento físico ?

4) Alguns motoristas de táxi já possuem navegadores acoplados ao veículo. Isso significa que eles não passam a perna em você no itinerário, porque a cada 5 segundos uma voz diz: "vire a esquerda", "fique a direita mais 320 m", "siga em frente e chegue ao seu destino". Até mesmo eu seria motorista de táxi com um daqueles... aliás, a diferença no valor da corrida também impressiona. Paguei 20 reais pra fazer o mesmo itinerário com o motorista que possuia o navegador e 26 no dia em que peguei outro que não tinha. Considerando que os motoristas de Porto Alegre ficam bravos se você entra no táxi pra ir da Rodoviária até o Bom Fim, imagino que isso vai levar 20 anos pra chegar aqui.

5) Apesar do trânsito caótico, os motoristas se entendem muito melhor do que aqui (isso eu já havia constatado há alguns anos e percebi que continua). Aqui em Porto Alegre, qualquer taxista corta a sua frente, você o xinga e ele lhe xinga de volta. E nenhum motorista que se preze deixa você entrar na via. Lá, até os motoristas de táxi permitem que um simples mortal cruze a via em sua frente.

6) Ninguém te deixa andar com um notebook visível no carro em São Paulo. Eles te mandam guardar no porta-malas.

7) As crianças que pedem no sinal possuem treinamento de marketing. Quando o sinal fecha, elas vão passando a fila de carros e deixando saquinhos com balas no espelho retrovisor. Depois vão voltando e recolhendo tudo. Imagino que elas identifiquem quem vai dar a gorjeta pelo saquinho que o motorista recolhe do espelho. Vai dizer que isso não é profissionalismo...

Última constatação: realmente é a cidade que não pára.