segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A Confusão do ENEM

De toda essa confusão com as provas do ENEM uma coisa é cristalina de tão clara: falta planejamento da execução. Sei que foram diversas irregularidades, mas duas saltam aos olhos:

1) é inconcebível que ninguém tenha se dado conta de revisar a prova e verificar que havia duas questões iguais;

2) é inconcebível que não houvesse uma orientação padrão para os fiscais dos procedimentos a serem adotados em todos os locais de prova, caso alguma irregularidade fosse encontrada durante a aplicação da mesma.

Digo isso, porque ouvi dizer que em alguns lugares os fiscais tomaram a liberdade de dar aos alunos uma hora a mais para resolver a prova. Em outros, não. Em matéria do UOL, uma aluna disse que foi instruída a "anotar os erros que encontrasse no verso do cartão de respostas".

Ora, se em alguns dos lugares alunos tiveram uma hora a mais, logicamente tiveram um benefício que não foi estendido a todos. É uma decisão que não caberia a fiscais. E anotações no verso de cartão de resposta podem caracterizar identificação de prova, para os corretores, quer dizer, a pessoa ainda corre o risco de ser eliminada por uma má orientação.

O ENEM custou aos cofres públicos quase R$ 200 milhões e sou capaz de apostar como a prova será anulada (ou pelo menos o primeiro dia dela). O pior é que duas medidas simples poderiam ter evitado a catástrofe. Primeiro, um simples revisor poderia ter lido a prova após a impressão. Outro revisor, poderia ter conferido o gabarito. Segundo, os organizadores deveriam divulgar aos locais de prova ou colocar no próprio caderno de questões qual seria o procedimento em caso de problemas com questões da prova. O normal num concurso é ninguém reclamar na hora e se entrar com recurso depois. O que não é possível é conceder a alguns alunos privilégios que outros não terão.

Não é preciso ser muito inteligente pra saber que haverá uma enxurrada de alunos e pais de alunos recorrendo ao Judiciário e aos seus órgãos auxiliares (Defensoria, Ministério Público) lamentando a oportunidade perdida e, talvez, até usando a prova para conseguir a vaguinha na universidade pública no tapetão. Isso sem contar o custo com eventual reaplicação de prova. E agora, quem vai pagar a conta?

2 comentários:

Alexandre Perin disse...

Minha esposa foi fiscal do ENEM e lá até funcionou bem. Mas beira ao inacreditável a incompetência do estado em aplicar uma simples prova. E nosso dinheiro que vai pro ralo...

forinti disse...

Isso me lembrou de uma história da segunda guerra: a FEB não levou um pelotão de sepultamento. Acharam que nada ia dar errado e ninguém iria morrer.