domingo, 25 de julho de 2010

O voto obrigatório

Sou veementemente contra o voto obrigatório. E por mais que eu seja pisoteada e xingada por afirmar o que vou afirmar, é meu ponto de vista e garanto que é um ponto de vista consciente de quem já votou pelo menos em 8 eleições. Eis minhas razões, para serem julgadas por quem quiser julgar.

1.Se fosse feita uma pesquisa, se verificaria que pelo menos 80% da população prefere ler sobre o próximo capítulo da sua novela ou sobre qualquer fofoca de artista do que sobre política. Mesmo com a internet e todos os meios modernos para averiguar a assiduidade às sessões e o quanto gastam seus deputados, senadores e afins, ninguém se dá ao trabalho de olhar. Isso significa que mais da metade das pessoas vota no candidato de mais renome ou naquele que seu pai ou seu patrão indica. Ah, se o candidato for ex-jogador de futebol, ex-locutor de rádio ou artista, já é meio caminho andado.

2. Existem argumentos que dizem que se o voto fosse facultativo só se elegeriam aqueles candidatos corruptos que compram votos com favores. Corrupção existe em qualquer lugar do mundo, seja o voto obrigatório ou facultativo. Votariam pessoas que estão pagando favores, assim como ocorre hoje, mas votariam os conscientes também. E se excluiriam os milhões que não entendem nada de eleição e nem sabem o que estão fazendo.

3. Prega-se muito por aí que o voto é um direito e um dever. Se é algo que eu não estou a fim de fazer, para mim é só dever. Direito é eu poder escolher se quero usar o meu final de semana para votar ou para ir para a praia. E garanto que se eu tiver um bom motivo pra votar, vou usar meu direito. Do contrário, não.

4. O custo de uma eleição no Brasil é o mais caro do mundo. Outros países já vieram aqui olhar nossas urnas eletrônicas, mas não as adotam por uma questão bem simples: encarecem a eleição. Os contribuintes de países ricos não estão dispostos a gastar rios de dinheiro em eleições. Honestamente, eu preferiria que uma terça parte do dinheiro que gastamos fosse investido em saúde e educação.

5. Se o voto não fosse obrigatório, políticos não gastariam rios de dinheiro em carros de som e panfletos que espalham a poluição sonora e visual, além de transformarem sua tranquila caminhada na redenção no sábado em um inferno, com pessoas lhe atacando. Cabe lembrar que parte do dinheiro dos partidos é pago por nós, contribuintes. O tal fundo partidário recebe dotação orçamentária pública.

6. Há quem argumente que o voto é o maior exercício de cidadania e uma grande responsabilidade. O engraçado é que um jovem de 16 anos pode votar. No entanto, o mesmo jovem de 16 anos não é civilmente, nem penalmente capaz para os mesmos congressistas que aprovaram o voto aos 16 anos. Se eles achassem mesmo que o voto fosse algo, assim, "tão importante" deixariam um relativamente incapaz votar?

7. Há quem diga que o voto tem que ser obrigatório enquanto a população não estiver com a consciência política devidamente desenvolvida. Ora, educação e conscientização não vão resolver o problema das pessoas não se interessarem por política. Mesmo em países com alto nível de educação como Alemanha ou Finlândia, em que o voto é facultativo, a população votante não passa de 50%.

Apesar de todos esses argumentos, vou votar na próxima eleição. Não porque acredite em qualquer desses que se candidatou. Mas porque infelizmente eu não tenho outra opção.

Um comentário:

forinti disse...

Venha para o movimento Kleroteriano! Eu proponho que as eleições sejam feitas por sorteio, como na Grécia antiga. Certamente, o Congresso representaria melhor o povo brasileiro, na medida de suas habilidades e defeitos. Não custaria nada e os poderes econômico e midiático não teriam nenhuma influência. E seria improvável elegermos gente pior do que os que aí estão.