sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Piriápolis - II

Demorou, mas saiu a segunda parte do post sobre Piriápolis. Culpa do trabalho, passei três dias em Sampa essa semana.

Sobre Piriápolis, o que eu realmente achei mais bacana de se fazer foram as visitas aos três cerros.

Cerro San Antonio


Esse é o cerro de mais fácil acesso. Para quem não tem carro é possível pegar um teleférico. Para quem tem carro é possível chegar ali facilmente, fica na própria cidade de Piriápolis, próximo ao centro. E pra quem gosta de caminhar e não se importa em subir uma boa ladeira, também é possível ir à pé. Fui de carro pra melhor apreciar o pôr-do-sol dali - a essas alturas os leitores desse blog já devem ter se dado conta que eu tenho uma certa admiração pelo alvorecer - mas passei por um cara que estava subindo correndo o que significa que é perfeitamente possível subir caminhando.

No alto do cerro vislumbra-se toda Piriápolis, cujo traçado os mais românticos poderiam dizer que se assemelha ao de um coração. Você poderá tirar suas próprias conclusões pela foto.

Na primeira vez que estive em Piriápolis, em 2001, uma senhora nos explicou que se eu levasse uma pedrinha lá do cerro pra casa ajudaria a trazer um marido. Eu levei a pedrinha, porque afinal de contas não custava tentar. Tempos depois a minha bolsa foi roubada junto com a pedrinha e eu casei, exatamente nessa ordem. Então se é verdade ou não eu não sei, mas por via das dúvidas resolvi agradecer pela graça alcançada na capela de San Antonio que fica no alto do cerro. Quando voltei minhas amigas solteiras não gostaram muito de saber que eu não havia trazido pedrinhas pra elas.

Cerro Del Toro

Esse é o segundo cerro de mais fácil acesso. Recebe este nome porque na sua entrada existe uma fonte de água que jorra da estátua de um touro. Exige uns 20 minutos de subida por uma trilha de nível médio. A caminhada não é longa, mas como existe subida através de pedras em alguns pontos, não é todo mundo que se arrisca.

O visual lá em cima compensa. Como diz um dos bons sites sobre a cidade: "En la cima un cuadro maravilloso de luz y sombra, de verde y de agua, de azul y de arena impregna nuestra retina de majestuosa poesía."

Cerro Pan de Azucar

O nome deve estar lhe lembrando algo, não ? Honestamente, não sei se o nome foi imitação ou homenagem ao nosso Pão de Açúcar. O que sei é que alguém teve a idéia de construir uma torre no alto do cerro. Torre esta, na qual você pode inclusive entrar e subir os quase 100 degraus que levam ao topo.

Sobre o cerro que abriga a torre, con 389 metros é o terceiro em altura de todo o país, dá pra acreditar? E eu que achava que no RS é que não existiam grandes altitudes.

Para escalar o morro, leva-se cerca de 3 horas (ida e volta), considerando-se, obviamente, pessoas normais, que não vão nem muito lentas, nem muito rápidas. Não é necessário nenhum tipo de equipamento especial e a trilha é bem sinalizada, com setas pintadas nas pedras, no entanto, subir não é para qualquer um, exige fôlego e, sobretudo, muito cuidado pra não escorregar nas pedras.

A visita ao Cerro Pan de Azucar foi um dos pontos altos da nossa viagem por várias razões. Primeiro, porque a vista realmente é linda. Segundo, porque realmente é uma trilha pra quem gosta de aventura. E terceiro, porque quando estávamos lá em cima o tempo começou a enfeiar. Bom, começamos a descer, com todo o cuidado, porque pedra molhada é pedra lisa. Parece que o nosso anjo da guarda estava por lá, porque no exato momento que terminamos a descida despencou o maior aguaceiro que vi no ano. Jorrava água e mesmo no plano, nós ainda tínhamos no mínimo 1Km pra caminhar. Esse Km foi mais longo que toda a trilha, peixinhos poderiam nadar nos meus tênis depois disso. Mas aventureiro que se preze tem que aguentar né...

Abaixo a colagem das fotos da aventura.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Piriápolis - I

Como Punta del Este estava lotada de gente (era final de dezembro) e os preços estavam um pouco além do nosso orçamento, decidimos ir até Piriápolis, procurar algum lugar para passar os próximos 3 dias da nossa viagem. Eu havia passado rapidamente por lá uma vez há alguns anos e tinha achado um lugar bastante simpático e mais aconchegante que Punta. Eu não estava errada.

Quando chegamos lá, fomos direto ao Centro de Hotéis da cidade. Lá, fomos super bem atendidos, dissemos o que estávamos procurando e mais ou menos o quanto queríamos gastar e fomos encaminhados pro Hotel Budapest, uma hosteria 3* na qual pagamos 800 pesos (R$ 80) pela diária, com café da manhã. O lugar é um hotelzinho pequeno, mas bem familiar, somos atendidos pelo proprietário e sua irmã que são super simpáticos e atenciosos.

Imagino que Piriápolis já tenha vivido no passado dias melhores. Quando Punta se tornou "o point" perdeu glamour. Digo isso, porque existem várias construções antigas na cidade. Ela fica a aproximadamente 40 Km de Punta, em direção ao sul, por uma estrada mão-dupla super bem conservada. O prédio que mais chama a atenção é o Gran Hotel Argentino, construção de 1930. Logo que chegamos, fiquei bastante curiosa a respeito da história do hotel. O próprio hotel que paramos descobrimos depois, é bastante antigo, pertenceu ao avô do atual proprietário.

A história do balneário é bem interessante. Um desses visionários do passado, Francisco Piria, chegou àquela região onde nada havia, comprou (ou usucapiu) as terras e loteou-as pra revender em Buenos Aires e Montevideo como terrenos de veraneio. Tudo isso no início do século XX. Não contente com isso, foi criando infra-estrutura para que o local se tornasse mesmo um balneário. Construiu dois hotéis, o maior deles esse hotel que ficou pronto em 1930 e até hoje parece ser a maior construção da cidade, linha de trem e etc.

Piria reservou um lote, mais afastado do Rio de La Plata para sua família, onde construiu um castelo para ser sua residência de veraneio. Infelizmente, quando Piria faleceu, velhinho, com mais de 80 anos, ninguém manteve o que ele havia construído em Piriápolis. O filho mais velho, seu natural sucessor foi assassinado logo em seguida e os outros três filhos não tinham o menor interesse no lugar. O castelo acabou, depois de muita briga, nas mãos de sua amante que ele havia registrado como filha antes de falecer (Piria era viúvo, então). Só que quando isso ocorreu ele já havia sido completamente saqueado.

Esse castelo é hoje um museu aberto à visitação, com muitos documentos sobre a história do lugar. Ele foi reconstruído na medida do possível, porém, fala-se que era um lugar muito rico com pisos de mármore e estátuas de bronze e, obviamente, essa riqueza não foi recuperada.


Voltando para o presente, hoje Piriápolis é um lugar tranqüilo e agradável pra quem deseja passar alguns dias de férias. A praia é de rio, porém está tão próxima do mar que o gosto já é salgado (os mapas do início do século passado atestavam que ali era Oceano Atlântico... sabe como é, as pessoas chegavam lá, provavam a água e era salgada, então era mar).

Não encontramos muitos brasileiros por lá. Os freqüentadores são, em sua maioria, os próprios uruguaios. É comum a praia encher lá pelo final da tarde, depois das 6h. E as pessoas ficam até após o pôr-do-sol, que em dezembro ocorre em torno das 9h da noite. Aliás, o pôr-do-sol de Piriápolis é lindíssimo !

Um post apenas não é suficiente pra contar tudo, de modo que no próximo falarei mais sobre os lugares pra visitar e as trilhas.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Meme Túnel do Tempo

Minha amiga Cássia Zanon fez um convite pra um meme túnel do tempo. Aceitei o convite e aí vai a minha listinha.

O que você estava fazendo em...

1978?
Tinha 4 anos. Foi o ano em que eu "me dei por gente". Entrei pra escola e a minha lembrança mais remota do jardim de infância é uma folha de papel em branco em que eu tinha que desenhar. Tinha uma colega chamada Nina que desenhava lindamente (hoje ela é arquiteta) e eu mal conseguia desenhar uma casinha com flores do lado. Foi quando eu descobri que jamais seria desenhista. Foi também o ano do trauma do patinho. Na formatura do jardim da infância nós ganhamos um filhote de pato vivo. Nós levamos ele pro sítio da mãe da Nina com a desculpa de que eu iria sempre visitá-lo. Minha mãe nunca mais me levou pra ver o bicho e eu fiquei traumatizada. Viagem naquela época era ir pra Silveira Martins e Tramandaí. Ah, nos domingos o meu pai levava a gente pra passear de carro.

1983?
Fui pra 4a série e mudei de colégio. No colégio anterior eu era filha de professora, então era a rainha do colégio. No colégio novo, grande, de freiras, eu não era nada. Acho que exatamente por isso eu não lembro muita coisa desse ano. No final do ano, houve uma apresentação teatral na escola e o meu personagem era "a sala de brinquedos", ou seja, só a minha voz aparecia na peça. Decepção total ! Nunca mais quis saber de teatro na vida.

1988?
Estava iniciando o curso de magistério lá em Gravataí. Minha diversão preferida era tomar sorvete com as amigas no Econômico (antigo super lá de Gravataí). Passava muito tempo no colégio jogando vôlei. Debutei. Foi difícil encontrar um par pro debut, porque eu não tinha nenhum colega menino na escola. Acabou sendo o Alexandre, vizinho da minha prima aqui de Porto Alegre, porque o meu primo segundo (filho da minha prima) era baixo demais pra ser meu par. No magistério inteiro, contando as sete turmas, eram três meninos. Foi o ano que meus pais deixaram eu começar a frequentar os bailes do Paladino. Eu e a Andréa, minha melhor amiga vestíamos as nossas minissaias de veludo e achávamos que fazíamos sucesso.

1993?
Comecei a fazer estágio na área de informática na Albarus. Saía de casa às 7h da manhã e voltava às 23h. Foi o ano que conheci o Juliano (meu marido), muito embora naquela época eu não tivesse a menor desconfiança que um dia ele seria meu marido. Eu era super CDF. Final de semana significava se reunir na casa dos colegas, juntar 3 computadores e fazer os trabalhos da faculdade. Ninguém acreditava que a gente realmente fizesse os trabalhos, mas a gente fazia. Madrugadas inteiras programando, domingos batendo a cabeça pra descobrir um bug no trabalho que a gente tinha que entregar na segunda. Com essa correria toda, eu podia ser facilmente confundida com um órfão da Somália: cheguei a pesar 47 Kg.

1998?
Foi o ano da virada na vida profissional. Tinha passado o ano anterior sendo
workaholic, viajava um monte trabalhando (instalando operadoras de internet ou treinando os sysops). Acreditem, nesse período eu conheci vários aeroportos e a sensação de um Focker 100 pousando no aeroporto de Araçatuba eu não desejo pra ninguém.
Já estava formada em computação há 3 anos e troquei de empresa. Larguei a NutecNet e fui trabalhar no Sebrae com desenvolvimento do site deles em ASP (acho que isso ainda existe em algum site antigo). Tinha acabado de passar da fase "louca da minha vida", quando logo depois da formatura eu saía quase todas as noites em que estava em Poa. Comecei a sair com o ex, mas é melhor pular essa parte porque o atual pode vir a ler esse blog. Ia muito ao cinema e fazia programas alternativos pra caramba, tipo ir assistir a um filme iraniano chamado "O silêncio" que fazia realmente jus ao título.

2003?
2003 foi um dos anos mais marcantes da minha vida. O ano começou com uma viagem muito legal pra Porto de Galinhas com as minhas amigas. Viajei muito: fui pra Punta de Leste, pro Itaimbezinho e pra Califórnia (a viagem pra São Paulo pra tirar o visto pra ir pros EUA eu pulo, até porque eu passei tão mal que não vale o relato). Foi o ano em que deixei de ser desenvolvedora pra virar coordenadora, foi o ano em que decidi fazer vestibular pra direito e iniciei uma rígida rotina de estudos diários (eu viria a passar no vestibular no início de 2004). Eu guardo várias imagens daquele ano, mas tem duas que guardo mais:
  • Uma praia chamada Carneiros lá em Pernambuco, que estava super vazia no dia em que eu e as gurias fomos. Aquele dia ficou conhecido como o "nosso dia de rainhas". Nos sentíamos donas da praia, que lembrava muito uma daquelas ilhas do caribe.
  • O dia em que eu assisti ao pôr-do-sol no pacífico. Isso foi numa praia nos arredores de Los Angeles e foi a realização de um sonho. Eu sempre achei que o nosso pôr-do-sol na praia era sem-graça, achava lindo quando via nos filmes o sol se pondo no oceano. E realmente é lindo, lindo... só vi algo parecido de novo esse ano lá no Uruguai (mas eu sei que ali o sol não se põe no mar, que é rio, viu!).

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Parque Santa Tereza


Não confunda o parque com o forte. O forte está localizado no Parque (um pouco antes da entrada pra quem vem pela estrada), mas são coisas diferentes.

O Parque Santa Tereza é um imenso parque com área pra camping, aluguel de cabanas e várias praias. Tem, inclusive, alguns lugares para observação de aves marinhas e baleias, mas acho que nessa época do ano as baleias estão longe. É área militar, mas você vai se lembrar disso apenas quando encontrá-los pelo caminho.

O mais engraçado da nossa ida ao parque foi que nos disseram que era apenas 4 Km de caminhada pela praia e estávamos lá. O que é verdade. O que não imaginávamos era o tamanho do parque. Creio que caminhamos mais uma hora até chegar à Capatacia, que é a entrada "oficial" por onde os carros chegam. Lá existe um "sombráculo"e um "invernáculo" muito bonitos, com várias plantas e o ruído dos pássaros.

Após uma breve parada na Capitacia, fomos andando pelo parque em direção ao forte. Outra pernada. Durante uma parte do caminho topamos com pica-paus nas árvores... pra quem lê isso aqui pode parecer bobagem, mas eu não estou acostumada a ver pica-paus todos os dias, ainda mais 3, 4 reunidos. Então paramos para observá-los. Fotografar foi bem mais difícil.

Existe ainda um mini-zoo e área pra piquenique no parque. Isso sem contar nas praias: Moza, do Barco, das Achiras... a maior área de camping está próxima a Playa de la Moza.

Foi um passeio bem agradável, acho que vale passar um dia no parque. É possível fazer isso no mesmo dia em que for visitar a Fortaleza de Santa Tereza. O que percebi é que os turistas vão muito na Fortaleza, mas no parque só os nativos mesmo. Mas as praias de mar mais próximas do Brasil e que não parecem exatamente o litoral do RS, estão ali.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Punta del Diablo

Nossa primeira parada no Uruguai foi Punta del Diablo. O nome do lugar parece assustador, mas é só o nome que assusta mesmo. Acredito que seja um lugar que só agora esteja sendo descoberto como destino turístico. Até onde ouvimos, o nome "Punta del Diablo" se deve ao relevo da costa que se assemelha a um tridente.

Você tem basicamente três coisas pra fazer em Punta del Diablo: ir à praia ou surfar, pois pra quem pratica surf parece ser um bom lugar. A terceira opção não agradaria a todo mundo, mas é caminhar. Nós decidimos ir, pela beira da praia, até o Parque Santa Tereza, que fica a uns 4 Km de distância. Tudo bem, com 4 Km de caminhada você chega no parque, mas dali até chegar às áreas mais nobres é outra bela caminhada, que deixo pra relatar depois.

Se quiser ficar em Punta del Diablo...
  • Não espere luxo. Não existem hotéis e pelo que vi existe uma hosteria apenas. Nós não fomos com nada reservado, chegamos lá e alugamos uma cabana. Existem muitas, todas bastante simples.
  • Não é recomendável ir sem reserva em janeiro ou no carnaval.
  • Não existem ruas asfaltadas em Punta del Diablo. Pra falar a verdade, existe uma rua principal e ruelas nas quais passa no máximo um veículo de cada vez.
  • Quando nós estivemos lá (dezembro) havia apenas um restaurante bom aberto, o Don Quijote, que é uma rede de restaurantes no Uruguai. Tentamos, no primeiro dia, um outro, menorzinho, na rua principal, mas não agradou. E o preço nem era melhor do que o Don Quijote.
  • Contato com a natureza é a palavra-chave para aproveitar o lugar.
Se quiser mais informações sobre o que fazer no lugar e onde ficar dê uma olhada no site Portal del Diablo.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Uruguai - As Fortalezas de Santa Tereza e São Miguel

As primeiras atrações turísticas quando você chega de carro ao Uruguai pelo Chuy são essas duas fortalezas. São Miguel localiza-se a uns 8Km do Chuy e Santa Tereza a uns 20 Km. Para o primeiro é preciso sair da Ruta 9 e virar à direita após a fronteira. Já o segundo é possível avistar da própria estrada, a esquerda de quem vai em direção ao sul.

Santa Tereza é bem maior e está em melhor estado de conservação que São Miguel, então caso tenha tempo para visitar apenas um deles, eu indicaria Santa Tereza. São Miguel é menor e eu diria que mais "simpático". Justamente por ser menor, ele também fica bem melhor nas fotografias, pois é possível enquadrá-lo quase inteiro. Juntamente com São Miguel, é possível visitar o Museu Indígena. Já Santa Tereza fica no parque que leva o mesmo nome e que também vale uma visita.



Originalmente, Santa Tereza foi construído pelos portugueses. No entanto, foi tomado pelos espanhóis em 1763 e foram eles quem terminaram a construção e aumentaram as proporções do forte. São Miguel, pelo contrário, foi construído originalmente pelos espanhóis, porém, foram os portugueses quem terminaram a construção. Mais tarde, São Miguel também passou para o domínio espanhol. Os dois fortes caíram no esquecimento por todo o século XIX e nos idos dos anos 30 do século passado iniciou-se a restauração.

Apesar da semelhança, eu diria que ambos vale a pena visitá-los. Você se sente um pouco viajante na história ao entrar nos aposentos: capela, cozinha, dormitórios, estábulos, armazém, enfermaria e etc. Chamou a atenção em Santa Tereza uma coisa: enquanto os soldados dormiam em um dormitório coletivo, o capelão possuía aposentos próprios, junto à sacristia da capela. O que me fez pensar que bom mesmo era ser padre naquela época.