sábado, 10 de abril de 2010

O que me encantou em Macchu Picchu

Quando vi Macchu Picchu pela primeira vez, vi muito pouco. Chovia tanto, mas tanto, que a cidade praticamente desaparecia no meio da névoa. Tive a sorte, todavia, de poder esperar um dia a mais para voltar lá e me deslumbrar. Já falei sobre isso aqui antes, assim como já disse que achava muito justa a eleição da cidade como uma das novas 7 maravilhas do mundo. Mas fui muito breve nas minhas razões, então, achei por bem revisitar o tema. Aliás, se você tiver a chance de conhecer um único local no Peru e, talvez, na América do Sul, é pra lá que deve ir. Veja algumas razões para conhecê-la de perto.

Os mistérios

Machu Picchu, que significa Montanha Velha, é conhecida como a cidade perdida dos incas. Isso, porque os espanhóis, quando da conquista do continente nunca a descobriram. Sua origem e função são até hoje um mistério. E existem várias lendas quanto a seu desaparecimento também. Ela só foi descoberta em 1911 por um arqueólogo.

Há várias teorias sobre o que teria sido a cidade. Poderia ser uma região estrategicamente protegida, no topo de uma montanha, sendo um grande centro de estudos, onde se ensinava astronomia, agronomia, medicina e arquitetura. Poderia ser a cidade das mulheres eleitas para servir os soberanos Incas (80% dos esqueletos encontrados eram de indivíduos do sexo feminino) ou um local de retirada estratégica durante as guerras fratricidas dos Incas. Porém, para grande parte dos arqueólogos foi, sobretudo, um lugar de culto religioso ao Deus Sol, no culminar de longas romarias pela famosa trilha inca, a via empedrada com 33 quilômetros, por encostas escarpadas que leva à cidade. A trilha justifica a tese mais aceita hoje: a de que seria uma cidade sagrada.

Sobre o fim da cidade há também várias teorias: a que eu ouvi do nosso guia diz que os homens haviam saído para combater os espanhóis e não retornaram. As mulheres, sabendo das notícias de derrota e imaginando que cedo ou tarde os espanhóis encontrariam o local, cometeram suicídio ou morreram por alguma epidemia. Essa teoria vem dos esqueletos encontrados na cidade quando da descoberta.

O que encanta
1) O lugar em si. Você olha a forma como a cidade foi construída com aquelas montanhas em volta e tem a sensação que está num reino encantado saído de um livro.
2) A engenharia dos incas. A cidade foi inteiramente construída de pedras, sem a utilização de cimento ou qualquer tipo de cola. E continua em pé, mesmo estando em uma região submetida a constantes terremotos e chuvas. Porém, foi construído um eficiente sistema de drenagem que consiste em capas de pedras trituradas e rochas para evitar o empoçamento da água das chuvas (são 129 canais de drenagem). Estudiosos dizem que isso evita a erosão.
3) A simetria das construções, que demonstra profundo conhecimento de arquitetura, astronomia e matemática. Exemplo disso é o Templo do Sol. Nele existe apenas uma janela, iluminada pelos primeiros raios de sol, exatamente, às 7h15, de 21 de junho, início do solstício de inverno. Essa janela está em sincronia, nessa data com a porta do sol, a construção que seria a entrada da cidade, pela trilha inca, e que fica a 4Km de distância.

Algumas Construções

  • Templo do Sol: é considerada a construção mais importante e se diz que era um local protegido por um sistema de segurança, do qual se encontrou vestígios. Acredita-se que ali eram relacionadas cerimônias relacionadas ao solstício de verão, para "amarrar o sol". 


    • Tumba real: acredita-se que ali ficavam as múmias dos soberanos, pois nesse local foram encontradas algumas quando da descoberta da cidade.
    • Terraços: são a área rural da cidade, onde praticava-se a agricultura, segundo se diz, com técnicas bem avançadas. Os "degraus" são para evitar os deslizamentos e a erosão do solo. 
    •  Intihuatana: era uma espécie de relógio e calendário solar. Toda cidade inca tinha uma pedra sagrada, mas apenas essa foi poupada da destruição pelos conquistadores espanhóis, que eliminaram todos os sinais da idolatria inca. Ninguém sabe ao certo como essa pedra era usada.
     Para chegar
    O meio mais comum é pegar o trem diário na Estación San Pedro, em Cuzco, que leva cerca de 6 horas para chegar até Águas Calientes, uma cidadezinha ao pé da montanha que é também onde está localizada a rede hoteleira. Em Águas Calientes existe um ônibus que sai direto para lá, com trajeto de uns 40 minutos. Durante o dia eles saem seguidamente.
    A segunda opção foi a nossa: percorrer o Caminho Inca. Mas esse é assunto para outro dia.

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