sábado, 27 de março de 2010

O direito de não fazer nada

Um dos textos que me foi indicado por um following do Twitter nessa semana foi "The Cult of Busy". O texto realmente me impressionou e muito. Primeiro, porque eu também já tive a impressão de que pessoas cujos celulares tocam sem parar são realmente importantes e populares. Segundo, porque provavelmente jamais terei coragem de repetir "não tenho tempo" para alguém.

Mas o texto me fez pensar ainda sobre outra categoria de pessoas. Aquelas que querem fazer todas as coisas ao mesmo tempo. É muito desagradável quando um amigo ou familiar marca com você um jantar e passa o tempo inteiro checando seus SMSs e e-mails no celular ou no iphone. Ou então comparece a determinado evento e passa mais tempo falando ao telefone com outras pessoas do que com as pessoas que estão sentadas na mesa. Melhor seria não comparecer. Não há nada pior do que não estar completamente focado em algo. Pessoas que tentam responder e-mails, conversar, jantar e ouvir música ao mesmo tempo, acabam não fazendo nenhuma dessas coisas direito.

A segunda categoria que o texto me relembrou foi a daquelas pessoas com vida social intensa. Veja bem, não há nada de errado em ter uma vida social intensa se você gosta disso e isso lhe faz feliz, mas o problema aqui é que muitas pessoas têm necessidade de demonstrar que possuem muitos amigos, que vão a muitas festas e que são os primeiros a visitar o novo 'point' da cidade. Nessa semana, vivi bom exemplo disso. Inaugurou uma Petisqueira em frente a minha janela no trabalho. Pois antes do meio-dia a fila dava volta no quarteirão. Claro que todas aquelas pessoas sabiam que o lugar vai ficar por ali, aberto diariamente, durante o ano inteiro. Mas todo mundo queria ser o primeiro a experimentar e, uma boa parte desse povo, muito mais para contar aos amigos do que exatamente por vontade.

Nós vivemos com uma urgência de fazer coisas. Tiramos férias e achamos que temos que viajar, conhecer 20 países em 10 dias. No final de semana, achamos que temos que preencher nosso tempo da manhã à noite com alguma atividade fora de casa. Mas quantos de nós realmente queremos fazer isso? Meses atrás, eu conversava com amiga de muitos anos e relembrávamos o nosso tempo de baladas. Depois de algum tempo, comentei com ela: "sabe que eu não gostava muito daquilo", ao que ela prontamente me respondeu: "pois para mim era verdadeiro sacrifício sair todos os finais de semana".

Acho que já fui uma 'busy woman'. Já vivi nessa urgência de sempre estar procurando algo para fazer, sempre me sentindo culpada por estar desperdiçando tempo se estivesse parada. Porém, hoje, consigo ter dias como o domingo passado: não fiz nada a não ser dormir, comer e assistir a apenas 1 filme e, ainda por cima, na TV. Não acho mais que o meu tempo tenha sido desperdiçado. Eu estava fazendo exatamente o que queria fazer naquele dia.

Em informática, nós usamos um termo chamado multithreading que é a capacidade para executar várias tarefas ao mesmo tempo. Isso é uma habilidade de alguns processadores. O ser humano é multithreading, em termos. Fazemos várias coisas ao mesmo tempo, sim, mas o foco da nossa atenção inevitavelmente fica em apenas uma dessas coisas. Para as demais, temos apenas olhos periféricos e, se alguém nos perguntar o que realmente aconteceu, não teremos visto. De uns tempos pra cá, descobri que se curtir bem o meu dia de 'fazer nada', tenho muito mais disposição para enfrentar as coisas que mais me aborrecem e que necessariamente precisam ser feitas em algum momento. Aliás, enquanto não faço nada, consigo pensar em formas mais eficientes de gerenciar meu tempo (o que não é fácil com duas profissões e quatro lugares diferentes de trabalho) e tenho conseguido.

Mas talvez tudo isso seja uma grande besteira e eu só esteja ficando velha.

PS: Pra quem está com saudade dos posts sobre viagens, em breve retomo.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Das coisas que eu sinto falta

Esse ano nada de inferno astral. Incrivelmente, o período transcorreu sem grandes turbulências, numa calma até assustadora. Então, naquela depressão pré-aniversário que costuma me atingir, fiquei a pensar nas coisas que o tempo nos tirou e que (ao menos a mim) fazem falta:

  • Casas sem grades
  • Andar de bicicleta na rua
  • Quando eu sabia quem era a vizinha do quintal ao lado e ela era até minha amiga
  • Quando os Paralamas do Sucesso lançavam disco todo ano e eu ia aos shows quase todo ano
  • Picolé feito em casa que tinha gosto de gelo
  • Tomar banho de chuva sem as pessoas acharem que era maluca
  • Quando alguém pedia 'licença' no ônibus lotado para passar e as pessoas realmente se esforçavam para dar passagem
  • Quando no mesmo ônibus lotado alguém que estivesse sentado se oferecia para segurar suas coisas (e não era batedor de carteira)
  • Patins
  • Quando a gente acreditava que concursos e vestibulares eram livres de fraudes, mesmo sem colher digital e mesmo sem aquele monte de normas de segurança dos editais de hoje
  • Quando acordava cedo aos domingos pra ver Ayrton Senna correr
  • Cinema com criatividade nos efeitos especiais (e como é bom rever)
  • Cinema com roteiros de verdade ao invés de golpes de artes marciais de 360º
  • Quando era bonito ter cachos no cabelo
  • Pesquisa na biblioteca que acabava reunindo toda turma de amigos
  • Ficar uma tarde inteira sem ser encontrada (porque não existia celular)
  • Cartas
  • Bolinho de chuva
  • Quando o Zaffari vendia sorvete da Conaprole de doce de leite granizado
  • Chocolate Kit-kat
  • Batata frita de mãe (as mães não fazem mais batata frita)
  • Piscina no clube nas tardes quentes de verão
  • Invernos de verdade
  • Letra cursiva

Como diria Mário Quintana: "O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo..."

quinta-feira, 11 de março de 2010

Geração Y, geração Z e o futuro do trabalho

Uma das coisas que me inquietava era pensar em como as crianças de hoje se adaptariam as estruturas hierárquicas das empresas amanhã, quando precisassem entrar no mercado de trabalho. Falo isso, porque todo mundo vê que a maioria das crianças dessa geração não demonstra o menor respeito por regras ou pela liberdade das outras pessoas. O foco é o "eu quero". Há vinte anos,crianças ajudavam nos afazeres domésticos, mesmo que com coisas mínimas. Com 7 ou 8 anos eu já tinha que espanar o pó e secar a louça. E, sim, nós respeitávamos as professoras nas escolas. Se passássemos uma rasteira enquanto uma caminhasse, como aconteceu ano passado no local onde minha mãe trabalha,seria expulsão na certa. Hoje, apenas se chama os pais que vão alegar que o coitadinho é muito jovem para entender o que se passa. Nós crescíamos com um senso de obrigação muito maior do que de prazer, o que não quer dizer, necessariamente, que éramos mais felizes.

Até então, eu imaginava que quando essas crianças crescessem teriam uma espécie de choque com a realidade. Criados em um mundo imaginário, onde eram reis e princesas, em que todos faziam as suas vontades, teriam dificuldades para entender que, na vida, a gente começa de baixo e não direto, digamos, na posição de diretor de empresa, decidindo o que deve e o que não deve ser feito.

Mas eis que lendo uma matéria (acho que foi na Zero Hora, mas não consegui encontrar mais a fonte depois), mudei totalmente a minha visão. De repente, me dei conta de que essas crianças e jovens - as chamadas gerações Y e Z - não vão precisar se adaptar tanto a regras e hierarquias quando chegarem ao mercado de trabalho. As empresas é que vão mudar. Estruturas hierárquicas rígidas e  horários de trabalho inflexíveis tendem a desaparecer. Ferramentas de comunicação online, como o MSN vão deixar de ser um problema, para tornar-se uma forma rápida de interação entre setores e, mesmo de busca por soluções. Afinal, quem melhor do que aquele seu ex-colega de trabalho que está no Canadá para lhe ajudar a resolver um bug no sistema que ele desenvolveu e no qual você hoje dá manutenção?

Sem flexibilização de regras, grandes empresas não reterão grandes talentos e tendem a perder empreendedores criativos, o que fatalmente lhes levará ao desaparecimento. Deve-se ter em mente que o importante pra geração que já está por aí não é construir uma carreira sólida em uma empresa: o objetivo é a satisfazer objetivos pessoais, trabalhando naquilo que se gosta. Nesse sentido, propostas como a da Natura são bem interessantes. Para selecionar seus trainees, a empresa apostou num modelo de seleção de que prioriza candidatos que acreditam na proposta da empresa e se identificam com seus valores, como a capacidade de aprender, o respeito ao meio ambiente e à sustentabilidade. E fez tudo isso através de mensagens virais pela web, sem identificar-se como empresa, num primeiro momento.

Proposta semelhante eu vi em uma das áreas de desenvolvimento de software na Globo.com há cerca de dois anos. Havia um gestor de equipe, mas os profissionais do time poderiam assumir diferentes papeis, dependendo do projeto. Você poderia ser líder de determinado projeto e em outro ser um programador. Era aplicada uma metodologia chamada "Scrum" (bastante conhecida na área de Tecnologia da Informação, mas não tão conhecida em outras áreas) que se adequa muito a esse novo mundo empresarial. Os times se reúnem diariamente por 15 minutos e todos os membros tem igual tempo para manifestar-se nesse período, sem maior preocupação com quem seja o líder naquele momento.

Enfim, é certo que o universo do trabalho está mudando. E quem sabe no futuro, também se mudem algumas regras no rígido universo da justiça, como aquela do STF, que proíbe "a entrada de pessoas calçando chinelos, tênis, sandálias ou calçados estilo 'sapatênis', assim como trajando qualquer peça de roupa de tecido jeans" em suas sessões.

sábado, 6 de março de 2010

Geisy Arruda e o Carnaval

Durante muito tempo disse aos conhecidos que não expressaria minha opinião sobre o caso Geisy Arruda (a famosa estudante do vestido rosa da Uniban). Mas eis que li uma nota semana passada dizendo que a menina "depois de lutar para remarcar as provas de final de semestre, as perdeu devido às pressões do carnaval" e fiquei a pensar no quão emblemático o caso é. Digo isso, porque sabemos que a moça contratou advogados e que tem uma ação na justiça contra a universidade, ação essa, que tem grande probabilidade de vencer.

Em primeiro lugar, juridicamente falando, não há dúvida de que a menina sofreu dano moral. Ora, se a exposição pública e o xingamento público, sem falar na divulgação de vários vídeos pela internet não causam abalo moral, eu não sei o que causa. A universidade pode alegar que não tem culpa, que foi "culpa exclusiva da vítima" ou "fato de terceiro", mas, se pensarmos que os clubes de futebol respondem pelos danos em torcedores causados pelos tumultos das torcidas que saem do controle, igualmente, uma universidade que não oferece segurança suficiente aos seus alunos e que não impede que uma manifestação que deve ter iniciado com meia dúzia de abobados querendo "tirar onda" tome grandes proporções, responde, sim. Não precisa ser gênio ou ter o notório saber jurídico para chegar a essa conclusão.

A questão, no entanto, é um pouco mais profunda que isso. Doutrinariamente falando, a indenização por dano moral visa "restaurar o status anterior ao dano". Agora eu pergunto: será que se a menina pudesse escolher entre voltar a ser uma anônima estudante de turismo que trabalhava num mercadinho, sem nunca ter sofrido o que sofreu, ou entre ser uma celebridade que aparece na TV, desfila em escolas de samba, coloca megahair e ganha cirurgias estéticas, escolheria o que? Não é novidade que a sociedade parecer dar mais valor a um ex-BBB do que a um médico que corre de um lado para o outro num pronto-socorro.

Não estou aqui a defender a universidade, muito menos os criminosos (sim, criminosos) que a ofenderam ou a dizer que ela não deveria ganhar uma indenização, mas me parece que "retornar ao status anterior" aqui não é exatamente o objetivo almejado. Acredito que de um modo tosco, como é próprio dos nossos tempos, a sociedade já reparou o dano a essa menina. A gente aprende na faculdade que o real significado de justiça é "dar a cada um aquilo que é seu", mesmo que isso signifique não tratar igualmente a todos. Então, eu, que não vou decidir nada, nem sou formadora de opinião me pergunto: será que Geisy Arruda já não recebeu o que é seu?

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Trilha da Lagoinha do Leste, tentativa 2 e muito barro

A dica número 1 é: só se aventure nessa trilha em época de chuva se você não tem problema com lama e tiver um pisante bem velhinho. Vai ser difícil fazer com que meias e tênis voltem a ser o que eram, caso contrário.

Dica número 2: não acredite nas estimativas de tempo dos catarinas. A placa na entrada da trilha diz 45 minutos. Levamos 1 hora e 10 minutos. Tá certo, tinha muita lama e tínhamos que ser cuidadosos pra não escorregar. Mas apenas um nativo faz em 45 minutos. Na melhor das hipóteses, sem o barro, poderíamos ter feito em 1 hora.

Feitas essas considerações, vamos a ela.

A entrada da trilha é na rua que inicia no bar do Maneca. Tivemos um certo problema para encontrar a rua, porque ela não tem placa indicativa de nome. O site GuiaFloripa diz que é Rua Manoel Pedro de Oliveira. Enfim, procure pelo bar do Maneca. A melhor maneira de encontrá-lo é ir pela estrada em direção ao Pântano do Sul. Um pouco antes da placa indicativa do Balneário Açores e da Praia da Solidão está a rua, só que ela fica a esquerda de quem está indo para o sul. Suba essa ladeira e em poucos metros você encontrará uma placa indicativa bem grande do início da trilha.

Os primeiros 20 minutos de trilha são na mata fechada, com muita umidade e barro. Sei que não deve ter barro sempre, mas fomos em uma época em que choveu muito em Florianópolis, então, tinha muito, mas muito barro, o que tornava a trilha bem escorregadia. Havia muitos mosquitos também, mas eles não foram um problema porque fui armada com repelente. A parte boa desse trecho da trilha é que o sol praticamente não passa, então você não vai tomar um torrão.

Com mais ou menos 35 minutos de trilha, você avistará um mirante. Você sai um pouquinho da trilha para chegar nele, mas tem placa indicando, ninguém se perde. No mirante, avista-se a Praia do Pântano Sul, lá longe. No nosso caso, avistamos uma aparente tempestade se aproximando, que acabou se revelando ser alarme falso.

A segunda parte da trilha tem mais um pouco de mata, mas não tão fechada. A parte mais difícil fica para os 25 minutos finais: descida pelas pedras até a Praia da Lagoinha do Leste. Alguns trechos tem pedras bem grandes, então exige-se bastante dos pobres joelhinhos, mas pelo menos não havia barro. Esse trecho também não tem mata fechada, o que significa que se o dia estiver ensolarado, você vai se queimar. Não se esqueça de parar um pouquinho durante a descida para admirar a praia lá embaixo. Temos a tendência a cuidar demais quando estamos andando em pedras e perdemos a melhor parte. A melhor foto é durante a descida e não da praia.

Chegando lá, você vai encontrar aluguel de cadeiras e até um protótipo de bar que vende bebidas. A praia é bem bonitinha e tem o título de mais bela da ilha. Realmente é bonitinha, como você vê ao lado, mas para mais bonita da ilha, tenho outras preferências. Talvez se tivesse feito a trilha pela Armação pensasse diferente, pois dizem que a visão mais bonita é vindo daquele lado.

Para retornar, você terá duas opções: pegar um barco de pescadores ou retornar pela trilha. O barco custa R$ 15 por pessoa (em janeiro de 2010) e leva cerca de 25 minutos, deixando você na Praia do Pântano do Sul. Não cabem muitas pessoas e para chegar nele, você encara um bote que vai cortando as ondas. Nós voltamos pela própria trilha, que estava até movimentada naquele entardecer. Tirando os 25 minutos iniciais de subida que são bem cansativos e exigem bastante dos pobres joelhinhos (na foto ao lado você tem uma ideia da subida), parece mais tranquilo voltar do que ir.

Para quem deseja uma trilha mais curta, ir e voltar à Lagoinha do Leste pelo Pântano do Sul me parece a melhor opção, embora todos afirmem que o visual durante o trajeto não é tão atrativo. Pareceu-me ainda que é uma trilha mais segura do que a que inicia no Matadeiro, pois bastante gente a percorre e não há perigo de você pegar um atalho errado.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Trilha da Lagoinha do Leste, tentativa 1 e o Povoado de Ribeirão da Ilha

Nosso quinto dia de férias iniciou com boas perspectivas. Foi o primeiro dia que não amanheceu chovendo e o sol apareceu. Decidimos, então, percorrer a tão aguardada trilha da Lagoinha do Leste. Para isso, seguimos a pé até a Praia do Matadeiro (estávamos hospedados na Armação). Passamos por uma pequena ponte que separa as duas praias, percorremos toda a extensão do Matadeiro (que não é muita) e chegamos à extremidade direita da praia. Olhando na foto ao lado é bem à esquerda, onde se distingue uma casa. Ali, tem um pedacinho pequeno de trilha de concreto, por onde seguimos, passando por uma ponte e uma casa de madeira. Seguimos sempre pela direita, seguindo as indicações do pessoal local. Houve um ponto de dúvida em que achamos que tínhamos que subir, mas o correto é não sair da trilha até acabar aquele pedacinho concretado. 

Depois disso, muito barro e umidade. A trilha não é muito aberta e há vários pontos em que ficamos com dúvida. As pedras estavam bastante escorregadias devido ao excesso de chuva e o próprio córrego avançava pelas pedras da trilha. Como não havia mais ninguém tentando, nos haviam dito que era 2 horas de trilha e não sabíamos se a trilha inteira era assim, optamos por retornar e tentar pelo Pântano, cuja trilha era menor no dia seguinte.

As informações que obtivemos depois, caso você queira tentar (e nós tentaremos novamente em um período mais seco no inverno) foram:
  • A trilha tem duração aproximada de 2 horas, mas encontramos um pessoal lá na praia da Lagoinha que diz ter feito em 3 horas.
  • A mata é bem fechada nos primeiros 30-40 minutos de trilha. Depois disso, caminha-se por uma mistura de areia e vegetação rasteira, por uma hora e meia (previsão dos catarinas), margeando os costões, passando pela Ponta do Quebra-Remo, Ponta do Facão e Ponta da Lagoinha.
No restante desse dia, caminhamos até o ponto que separa as praias da Armação e do Matadeiro, tiramos fotos e aproveitamos a praia. Também fomos até o mirante do Convento de Morro das Pedras que é aberto ao público das 9h às 18h e tem uma vista bem bacana da orla do sudeste da ilha e da Lagoa do Peri. Repare na foto que em primeiro plano temos a Armação e lá no fundo, junto com a torre de celular se vê a praia do Pântano do Sul.

Aproveitamos também para ir (de carro) no final de tarde até o povoado de Ribeirão da Ilha, que fica na parte sudoeste da ilha. Ali, acreditamos que seria possível ver o pôr do sol no mar, mas o tempo nublou. O povoado é bem peculiar, guarda antigos prédios históricos no estilo açoriano. Sua Igreja é do século XVIII, mas infelizmente, está bem depredada. As casinhas coloridas no estilo açoriano, no entanto, formam um conjunto bem harmonioso. Da praia, em dias claros, se avistam os prédios altos do centro de Florianópolis.

Também ali há muitos restaurantes que servem ostras. O Nostradamus talvez seja o mais chique deles. Possui um ancoradouro, no qual os clientes deixam suas lanchas. Um bote, vai buscá-los e os leva direto para os fundos do restaurante, onde há uma entrada. Enfim, pra quem veio a passeio nessa encarnação!

De todo modo, Ribeirão merece uma visita, nem que seja para retornar ao passado. E há opções de restaurantes em conta também.

Para terminar o quinto dia, tivemos o episódio das baratas, quando retornamos ao nosso apartamento: quatro delas nos fizeram visita numa só noite. Prova de que todas as férias tem os seus episódios infelizes.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Floripa: Da Armação até a Praia do Saquinho com uma fiel seguidora (e a chuva)

A trilha do Saquinho pode ser uma trilha fácil ou díficil, rápida ou demorada, tudo vai depender do quanto você decidir caminhar. No nosso caso, como estávamos na Armação e queríamos caminhar um pouco optamos por ir a pé até a Praia da Solidão, passando por Pântano do Sul e Açores. O dia estava nublado e de vez em quando caía uma pancada de chuva, de modo que o calor até que não foi problema. Imagino que fazer o mesmo em um dia de sol no verão seja bem mais problemático.

Pois bem, da Armação até o Pântano são cerca de 4Km e você pode ir pelo acostamento da estrada mesmo. De Pântano a Açores optamos por ir pela beira da praia, mas também é possível seguir as indicações das setas e ir pela estrada. Pela praia nos pareceu mais perto e mais bonito.

Para chegar na Praia da Solidão, você deve seguir as indicações, não é difícil. Vai subir uma ladeira asfaltada com mais 1Km no final da Praia de Açores. Chegando à Praia da Solidão, você pode percorrer duas trilhas:

a) a da Cachoeira: é uma trilha bem curtinha, de cerca de 15 minutos que leva à Cachoeira da Praia da Solidão. Para chegar até ela basta virar à direita após a ponte de madeira.

b) a da Praia do Saquinho: Essa trilha inicia com aproximadamente 1.400m de "trilha concretada". Para encontrá-la, basta passar a ponte de madeira e seguir reto. Já havíamos caminhado uns 7km, mas decidmos encarar. A trilha é muito fácil, como você vê ao lado, o único risco que se corre é escorregar nos pontos mais úmidos. A vista da Praia da Solidão que se tem dela é das mais bonitas do sul da ilha. O final da parte concretada é na comunidade do Saquinho, onde algumas famílias insistem em viver sem luz elétrica. Inclusive presenciamos uma curiosidade: os nativos transportam congêneres para a comunidade com dois enrmes cestos amarrados de cada lado de um cavalo. O coitado do bicho está tão treinado que faz a trilha quase sozinho.

Quando acaba a parte concretada, você pode seguir adiante, se desejar. Em mais ou menos duas horas vai chegar na Ponta do Pasto ou Pastinho que é uma península coberta por grama. Em tese, você pode continuar dali até Naufragados, mas não é recomendável sem um conhecedor da região, pois a trilha está coberta pelo mato. O caminho pelo costão também não deve ser seguido, pois é bastante perigoso devido às pedras.

Se optar por não seguir adiante, ficará na Praia do Saquinho, que tem, nesse ponto, aproximadamente 750m, com pedras à direita e à esquerda. É uma praia onde poucos vão, então você se sentirá quase numa praia particular. Ao lado a vista da praia quando ainda estamos na parte de cima da trilha.

Nessa trilha também nos acompanhou do início ao fim uma fiel companheira: uma cachorrinha vira-lata com coleira que praticamente nos adotou, já que, apesar de outras pessoas estarem na trilha, ela seguia mesmo era a gente. Deu vontade de trazer o bichinho pra Poa, mas ela tinha coleira, então poderia ter dono. Além do mais, considero crueldade levar pra um apartamento de 85m2 uma cachorrinha criada na praia a vida toda. Enfim, tivemos que fugir dela no final da trilha, já em Açores, pois ela estava realmente determinada a nos seguir.

No retorno, optamos por voltar de ônibus de Açores até a Armação. O caminho completo de ida e volta daria uns 17Km, assim caminhamos uns 12Km apenas. Ao lado, como brinde, a vista das Praias do Pântano e da Solidão que se tem da trilha. Belíssima, apesar do dia nublado.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Floripa: Trilha de Naufragados e mais chuva

Nossas férias começaram para valer no terceiro dia, quando decidimos que a chuva não nos impediria de aproveitar. O dia amanheceu nublado, mas acreditamos que conseguiríamos fazer nossa primeira trilha mesmo assim. Optamos pela trilha de Naufragados, porque era a mais curta do programa, de modo que uma eventual chuva não atrapalharia tanto. Estávamos certos.

Onde fica
Naufragados é a praia mais ao sul da ilha de Florianópolis. Recebeu esse nome devido ao naufrágio de dois navios portugueses que levavam colonos açorianos para o RS ocorrido ali em 1753, do qual apenas 77 passageiros sobreviveram. O acesso se dá exclusivamente pela trilha (ou por barco).

Como chegar ao início da trilha
Vindo do centro, dirija-se ao sul da ilha. Siga as indicações em direção ao povoado de Ribeirão da Ilha. O povoado é muito bonitinho, nós paramos para olhar, mas deixamos para voltar com mais tempo em outro dia. Passando o povoado, siga sempre reto, você terá o mar a sua direita durante todo o percurso, de cerca de 20Km. A estrada é uma mistura de pontos com calçamento e outros com asfalto. Você vai passar por Caieira e vai parar no final da estrada, onde também termina a linha de ônibus e onde há um terreno transformado em estacionamento para carros (R$5, em janeiro de 2010). Há uma placa indicativa do início da trilha no estacionamento.

Caso você não queira encarar a trilha, pode contratar barco ali. O valor é do barco e o barco comporta até 4 pessoas, dizia uma placa. 

A trilha
O percurso da trilha é de 2.7Km e é bem fácil, sem grandes subidas ou descidas por meio da mata, o que em dias de sol é um presente, embora não fosse o nosso caso. A trilha é bem aberta e, obviamente, estava bem úmida. Você caminha em torno de 10-15 minutos e a trilha se divide em duas. Se for sempre pela direita, caminhando cerca de 40 minutos mais vai chegar no farol. Se for pela esquerda, chegará, mais ou menos no mesmo tempo à Praia de Naufragados. Há dois bares ali, caso decida passar o dia.

É possível tanto do farol chegar na praia, quanto da praia chegar no farol, com mais uns 20 minutos de caminhada. Nós fomos primeiro pela praia, então tivemos que atravessar um córrego e subir pelas pedras, onde encontramos uma trilha que levava ao farol. O mais difícil é subir nas pedras, mas passando isso, também foi fácil.

A chuva nos encontrou na praia, então, as fotos ficaram bem ruinzinhas, como você vê ao lado. Mas ficamos imaginando a vista em dias de sol. Quando estivemos na Praia do Sonho, tivemos a oportunidade de ver as ruínas do Forte de Nossa Senhora da Conceição (1742), erguido na ilha de Araçatuba, em um dia de sol e era infinitamente mais bonito.

Retornamos pela trilha do farol, seguindo sempre pela nossa esquerda no retorno. A chuva nos pegou em cheio no retorno, ficou fechadão mesmo, tornando a trilha um pouco mais difícil, mas nada apavorante, o que significa que ela deve ser realmente fácil em dias secos. Aconselho todos a fazerem, o visual do final vai encantá-los em um dia bom e você não se cansará muito.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Breve resumo das férias em Floripa

A partir de hoje começo a narrar aqui as férias deste ano em Florianópolis com algumas dicas de trilhas. Dada a escassez do tempo, abaixo segue um breve resumo que será detalhado aos poucos ao longo dos próximos posts.

Dia 1: Atropelada por uma criança de bicicleta
Dia 2: Muita chuva e engarrafamento na saída do Shopping
Dia 3: Trilha de Naufragados e mais chuva
Dia 4: Da Armação até a Praia do Saquinho com uma fiel seguidora (e a chuva)
Dia 5: Trilha da Lagoinha do Leste, tentativa 1 e as baratas
Dia 6: Trilha da Lagoinha do Leste, tentativa 2 e muito barro
Dia 7: Sol, mar e descanso

Por enquanto, segue a primeira dica para quem quer paz e tranquilidade. Vá para o sul da ilha. Ficamos na Praia da Armação que além de bonita é bem calma. Vejo duas grandes vantagens em ficar no sul: os preços são mais baixos (pagamos R$ 80 a diária de um apartamento no residencial Estrela do Mar e há vários outros nessa faixa de preço) e a possibilidade de curtir a praia sem ser interrompida por um vendedor "do que quer que seja" a cada 5 minutos. Além disso, as praias não deixam nada a dever para o norte.

Pra quem tem crianças, as águas do ponto onde ficamos não são das mais calmas. Creio que no sul seria mais recomendável ficar um pouco adiante no Pântano do Sul. Como eu sou um pouco fiasquenta para entrar na água, a Armação foi perfeita: dois passos na água, você cai num buraco e a próxima onda termina de molhá-lo. Quer dizer, não precisa de muita coragem. A temperatura e a cor do mar estavam perfeitas, como quase sempre.

A ida para o sul da ilha tem um probleminha de trânsito até o Campeche, a estrada está pedindo duplicação. Depois disso, é bem tranquilo também. Para quem gosta de comércio, porém, o sul é mais limitado do que o norte. Não há muitas lojinhas e shopping, esqueça. Na segunda-feira, para jantar, fomos até Campeche, pois as opções estavam bem limitadas.

Como eu comecei dizendo, para quem que paz, tranquilidade, praias e trilhas é PERFEITO.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Trilhas em Bombinhas, Canto Grande - Parte II

Estava em férias e em breve aqui falarei disso por aqui. Por enquanto, vamos a segunda parte das trilhas em Canto Grande.

A trilha mais longa que pode ser percorrida em Bombinhas e que pode iniciar em Canto Grande é a COSTEIRA DE ZIMBROS. Se você não é muito adepto a grandes caminhadas, é melhor ir de carro até o final da praia de Zimbros e só iniciar a trilha lá. Nós optamos por percorrê-la inteira, o que significa andar mais ou menos 6Km pela beira da praia de Canto Grande até a extremidade direita de Zimbros. Lá, há (ou havia na época em que fomos) um quiosque de beira de praia no qual você pode comprar água ou algum lanchinho pra carregar. É ali que o carro também será deixado se você optar por ir de Canto Grande a Zimbros de carro.

A trilha passa por 4 praias: Praia do Cardoso, da Lagoa, Praia Triste e Praia Vermelha. O acesso só é possível através da trilha, de modo que quanto mais afastada a praia, mais deserta.

Alguns trechos da trilha são mais acentuados. No início há uma subida e para chegar à cachoeira não é muito fácil, não. É necessário de 2 a 3 horas para ir e retornar. Não é aconselhável, portanto, ir no final do dia.

1 - Praia do Cardoso

Com uns 20 minutos de trilha, a primeira praia que você avistará é a do Cardoso. É uma praia pequena, que possui extensão aproximada de 130 metros e por não ser tão longe ainda é frequentada por famílias e casais.

2 - Praia da Lagoa

Seguindo pela trilha, a próxima praia é a da Lagoa, que, como o nome diz, tem uma lagoa entre sua areia e a mata que a cerca. A extensão é de cerca de 300 metros.

3 - Praia Triste

Bem mais longe, está a Praia Triste. Não sei o motivo do nome, mas não pareceu ser uma praia tão triste assim, pelo contrário é bonita e bucólica. Possui extensão de 380 metros e é bastante deserta, com suas águas calmas, que convidam para um banho de mar. É aqui também que existe uma trilha alternativa, mais para dentro da mata que leva a uma cachoeira. A trilha é curta, cerca de 15-20 minutos, no entanto, tem uma descida bem pesada quando chega próxima à cachoeira. Na época em que fomos, havia, inclusive, cordas e cipós para auxiliar a descida.

4 - Praia Vermelha

A última praia e também a mais distante é a Praia Vermelha, que possui esse nome devido ao barro que escorre das encostas e colore a praia. É um pouco mais extensa que as demais (600 metros), bastante deserta e repleta de mosquitos. Por isso é bom ter repelente às mãos. A caminhada é um pouco mais difícil nesse trecho, com algumas subidas. Na minha opinião é a menos bonita das quatro praias, mas certamente vale chegar até ela e conhecê-la, até para você dizer que percorreu a trilha inteira!

Uma última dica: tenha em mãos protetor solar e repelente para realizar essa trilha. Por ser próxima à mata e a lagoas, há os "borrachudos" da região. Além disso, como é longa, mesmo que tenha vento, o sol queima e muito. Há muito decidi que não faço trilhas na praia sem meu bom boné, com tecido com proteção UV.